Égua, Parente! Conhece o Edward Bernays? O Rei da Pavulagem e do Migué que Mudou o Mundo
Fala, mano! Tás de bobeira aí no remanso? Então te ajeita na rede que hoje eu vou te contar uma história que nem te conto! Tu já parou pra matutar por que a gente compra tanta coisa que nem precisa, ou por que a gente acredita em cada potoca que aparece por aí? Pois é, tem um culpado nessa história toda. O nome da peça é Edward Bernays.
Esse caboco não era fraco não. O bicho viveu até os 103 anos e era sobrinho do Sigmund Freud (aquele cabeça que estudava os miolos da gente). Só que, em vez de usar o conhecimento pra curar a doideira do povo, o Bernays usou foi pra vender sabonete, cigarro e até pra derrubar governo! Ele é o pai do que chamam de “Relações Públicas”, mas na real, ele era o mestre da pavulagem organizada.
O “Migué” do Bacon com Ovos
Tu gosta de um café da manhã bem purrudo, com bacon e ovo? Pois fique sabendo que isso foi invenção dele. Antigamente, o povo nos Estados Unidos comia só uma torrada e um café, uma coisa bem meia tigela.
Aí, uma empresa de bacon que tava no sal, vendendo pouco, chamou o Bernays. O que ele fez? Foi lá e arrumou uns médicos pra dizer que comer muito de manhã fazia bem. Espalhou essa conversa fiada nos jornais como se fosse ciência. O povo, que não queria ser leso, acreditou. Resultado: todo mundo começou a se brocar de comer bacon. O cara mudou o bucho de uma nação inteira só na lábia! Te mete!
As Cunhantãs e a “Tocha da Liberdade”
Essa aqui foi pai d'égua de inteligência, mas escrota de maldade. Antigamente, mulher fumar na rua era visto como coisa de bandalheira, pegava mal pra caramba. O dono da fábrica de cigarros Lucky Strike tava reina porque tava perdendo metade do mercado.
O Bernays, muito escovado, foi conversar com um psicanalista e descobriu que o cigarro representava poder pros homens. Aí ele teve uma ideia daora: contratou umas cunhantãs da alta sociedade pra acenderem cigarros numa parada famosa, na frente de todo mundo, e chamou os cigarros de “Tochas da Liberdade”.
Pronto! Fumar virou símbolo de mulher moderna e empoderada. Ele usou o feminismo pra vender câncer. Égua, o cara era liso demais!
Sabonete pra Curumim e Escultura de Sabão
Tinha uma época que sabonete sem cheiro não vendia nada, e a molecada maluvida odiava tomar banho (ficava tudo com tuíra no côro). O Bernays, pra vender o sabão Ivory, não ficou fazendo propaganda chata. Ele criou um concurso de escultura em sabão nas escolas!.
Milhões de curumins começaram a esculpir no sabão. Virou arte, foi parar em galeria chique. Ele fez a molecada gostar de sabão na marra e na brincadeira. O cara sabia fazer uma bumbarqueira pra vender qualquer treco.
O Pé de Porrada na Guatemala: Bananas e Mentiras
Agora o papo fica sério, parente. O Bernays não mexia só com comida não. Ele trabalhava pra United Fruit Company (a das bananas Chiquita). O presidente da Guatemala, Jacobo Árbenz, queria dar terras pro povo plantar, mas a empresa não gostou nadinha.
O Bernays, sem termo nenhum, começou uma campanha de mentira nos Estados Unidos. Disse que o Árbenz era comunista e perigoso, uma visagem soviética nas Américas. Era tudo potoca! Mas ele fez tanto barulho, contou tanto causo pra imprensa, que o governo americano foi lá e derrubou o presidente da Guatemala. O país entrou num rolê triste, com guerra e morte, só pra empresa não perder o lucro da banana. O bicho era ruim que só quando queria.
Resumo da Ópera: Fica de Olho, Mano!
O Edward Bernays escreveu um livro chamado “Propaganda” onde ele diz na cara dura que manipular o povo é necessário. Ele criou o “governo invisível”.
Então, parente, quando tu ver uma propaganda muito pai d'égua, ou uma notícia que te deixa cabrero, lembra do Bernays. Não seja boca aberta! O mundo tá cheio de gente querendo tapar o sol com a peneira e te fazer de leso.
Te orienta, que a gente aqui do Norte é cabeça e não cai em qualquer lenga-lenga não!
O Engenheiro da Realidade: Uma Análise Exaustiva da Vida, Teoria e Legado de Edward Bernays e a Construção do Século Americano
Introdução: O Governador Invisível da Democracia Moderna
A história do século XX é frequentemente narrada através das lentes dos grandes líderes políticos, dos generais vitoriosos e das revoluções tecnológicas. No entanto, subjacente a esta narrativa visível, existe uma corrente subterrânea mais subtil, porém igualmente determinante: a ascensão da gestão da perceção pública. No epicentro desta transformação sísmica encontra-se uma figura cuja influência permeia a estrutura da sociedade de consumo e da governação política moderna, mas cujo nome permanece desconhecido para grande parte do público que ele moldou: Edward Louis Bernays. Nascido em Viena em 1891 e falecido em Cambridge, Massachusetts, em 1995, Bernays viveu 103 anos, atravessando e influenciando as maiores convulsões da era moderna.1
Bernays não foi um mero publicitário ou um “agente de imprensa” na tradição circense de P.T. Barnum. Ele foi um teórico, um intelectual pragmático e, acima de tudo, o arquiteto do que ele próprio denominou “o governo invisível”. Sobrinho duplo de Sigmund Freud — a sua mãe, Anna, era irmã de Freud, e o seu pai, Ely, era irmão da esposa de Freud, Martha —, Bernays foi o canal através do qual as complexas teorias psicanalíticas da Viena fin-de-siècle foram transplantadas para o coração do capitalismo americano.1 Ele pegou na compreensão freudiana das pulsões inconscientes, dos medos reprimidos e dos desejos irracionais e transformou-os em ferramentas de controlo social e lucro corporativo.
A tese central da vida profissional de Bernays, articulada de forma provocadora na sua obra seminal de 1928, Propaganda, era a de que a manipulação consciente e inteligente dos hábitos e opiniões das massas é um elemento essencial numa sociedade democrática. Para Bernays, a democracia, com a sua cacofonia de vozes e a complexidade inerente da vida industrial moderna, tornar-se-ia ingovernável sem uma elite de “homens invisíveis” que filtrasse a informação, destacasse as questões pertinentes e guiasse a “manada” em direção a escolhas produtivas — fosse a escolha de um sabonete ou de um presidente.4
Este relatório propõe-se a dissecar, com exaustividade forense, a vida e a obra de Edward Bernays. Não nos limitaremos a uma recitação cronológica de factos, mas empreenderemos uma análise estrutural das suas metodologias, examinando como ele redefiniu a relação entre o desejo humano e a economia de mercado. Investigaremos como ele transformou bacon e ovos num ritual nacional, como cooptou o feminismo para vender cigarros cancerígenos e, no seu capítulo mais sombrio, como orquestrou a derrubada de um governo democraticamente eleito na Guatemala para proteger os lucros de uma corporação bananeira. Através desta análise, revelaremos como a “engenharia do consentimento” de Bernays se tornou o sistema operativo padrão da nossa realidade mediada contemporânea.
Capítulo I: As Fundações Intelectuais e a Génese do “Conselheiro”
1.1 A Herança Vienense e a Sombra de Freud
Para compreender Edward Bernays, é imperativo compreender a bagagem intelectual que ele trouxe para os Estados Unidos. Embora a sua família tenha emigrado para Nova Iorque quando ele era ainda uma criança, em 1892, a conexão com Viena permaneceu vital. Bernays mantinha correspondência regular com o seu tio, Sigmund Freud, e foi instrumental na publicação e popularização das obras de Freud na América.2
No entanto, a leitura que Bernays fazia de Freud não era terapêutica, mas sim utilitária. Enquanto Freud procurava trazer o inconsciente para a luz da razão para curar o indivíduo, Bernays viu no inconsciente uma vulnerabilidade a ser explorada. Ele entendeu que os seres humanos não são atores racionais, guiados pela lógica ou pelo interesse próprio calculado, como sugeriam os economistas clássicos. Em vez disso, são criaturas movidas por instintos profundos, símbolos e impulsos de rebanho. Bernays percebeu que se conseguisse atrelar um produto comercial ou uma ideia política a esses impulsos irracionais, a resistência lógica do consumidor seria irrelevante.6
Além de Freud, Bernays foi profundamente influenciado por dois outros pensadores:
- Gustave Le Bon: No seu livro Psicologia das Multidões, Le Bon argumentava que quando os indivíduos se juntam numa massa, a sua capacidade crítica individual dissolve-se, sendo substituída por uma mente coletiva primitiva, emotiva e facilmente sugestionável.
- Wilfred Trotter: O cirurgião britânico, autor de Instincts of the Herd in Peace and War, postulou que o medo do isolamento social é um dos motivadores humanos mais potentes. O indivíduo fará quase tudo para permanecer alinhado com o “rebanho”.
Bernays sintetizou estas teorias numa prática aplicada. Ele concluiu que “se compreendermos o mecanismo e os motivos da mente de grupo, é possível controlar e arregimentar as massas de acordo com a nossa vontade, sem que elas o saibam”.3
1.2 O Laboratório de Guerra: O Committee on Public Information
A primeira grande oportunidade de Bernays para testar estas teorias em escala massiva surgiu com a entrada dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial. O Presidente Woodrow Wilson, eleito com uma plataforma de paz, precisava de convencer uma população isolacionista a apoiar um conflito distante na Europa. Para tal, criou o Committee on Public Information (CPI), dirigido por George Creel. Bernays, então um jovem na casa dos vinte anos, juntou-se ao CPI.1
O trabalho no CPI foi uma revelação. O comité utilizou uma abordagem totalitária à informação: cartazes gráficos, oradores de quatro minutos (“Four Minute Men”) que discursavam em cinemas e igrejas, e a demonização sistemática do inimigo. Bernays observou como a manipulação de símbolos e a saturação da mensagem podiam alterar a perceção da realidade de uma nação inteira. Eles não vendiam apenas a guerra; vendiam a ideia de “fazer o mundo seguro para a democracia”.1
Bernays viajou para a Conferência de Paz de Paris com a comitiva de Wilson, onde testemunhou a adulação das massas ao presidente americano, um resultado direto da propaganda global. Foi lá que ele teve o seu insight fundamental: “Se isso [a propaganda] pode ser usado para a guerra, pode certamente ser usado para a paz”.8 Ele percebeu que as mesmas técnicas usadas para vender patriotismo e sacrifício poderiam ser usadas para vender produtos industriais em tempo de paz.
1.3 O Rebranding da Propaganda: O Nascimento das Relações Públicas
Após a guerra, o termo “propaganda” sofreu um declínio acentuado na sua reputação. Associado às atrocidades alemãs (muitas vezes exageradas pela própria propaganda aliada) e, mais tarde, à ascensão do fascismo e do comunismo, a palavra tornou-se sinónimo de mentira e engano. Bernays, num ato de genialidade semântica, decidiu rebatizar a sua profissão.
Ele rejeitou os termos “agente de imprensa” ou “publicitário”, que implicavam apenas a compra de espaço nos jornais ou a criação de estratagemas baratos. Em vez disso, cunhou o termo “Conselheiro de Relações Públicas” (Public Relations Counsel). Este novo título conferia uma aura de profissionalismo científico, semelhante à de um advogado ou médico. Ele estabeleceu o seu escritório em Nova Iorque em 1919 e começou a definir os parâmetros desta nova “ciência”.1
Tabela 1.1: Evolução Conceptual da Comunicação Estratégica
| Dimensão | Modelo do Agente de Imprensa (Séc. XIX) | Modelo de Bernays (Relações Públicas – Séc. XX) |
| Objetivo Principal | Gerar visibilidade a qualquer custo; “Falem mal, mas falem de mim”. | “Engenharia do Consentimento”; moldar a opinião pública e o comportamento. |
| Visão do Público | Espectador passivo a ser entretido ou enganado. | Massa irracional guiada por instintos subconscientes. |
| Metodologia | Exagero, mentiras diretas, stunts isolados. | Aplicação de psicologia, sociologia, criação de eventos, validação de terceiros. |
| Fluxo de Informação | Unidirecional (Emissor -> Recetor). | Bidirecional (mas assimétrico); escutar o público para melhor o manipular. |
| Base Teórica | Intuição e espetáculo (P.T. Barnum). | Psicanálise Freudiana e Psicologia das Multidões (Le Bon/Trotter). |
Bernays argumentava que o Conselheiro de Relações Públicas era um sociólogo praticante. A sua função não era apenas servir o cliente, mas integrar o cliente na sociedade, moldando a sociedade para aceitar o cliente. Ele escreveu extensivamente para legitimar o campo, publicando Crystallizing Public Opinion em 1923, o primeiro livro a tratar as relações públicas como uma disciplina académica e social.6
Capítulo II: A Psicopatologia do Consumo Diário — Campanhas Iniciais
Nos anos 1920, a economia americana estava a transitar de uma cultura de necessidade para uma cultura de desejo. As corporações tinham resolvido o problema da produção em massa, mas enfrentavam agora o problema do consumo em massa: como fazer as pessoas comprarem coisas de que não precisavam estritamente? Bernays forneceu a resposta.
2.1 Bacon e Ovos: A Medicalização do Hábito
Um dos exemplos mais citados, e mais instrutivos, da metodologia de Bernays é a sua campanha para a Beech-Nut Packing Company. A empresa enfrentava vendas estagnadas de bacon. A abordagem tradicional de publicidade teria sido destacar o sabor, o preço ou a qualidade do produto. Bernays, no entanto, ignorou o produto e focou-se na autoridade e no hábito.2
Bernays diagnosticou que o público americano, na década de 1920, consumia tipicamente um pequeno-almoço ligeiro: café, sumo de laranja e uma torrada. Para vender mais bacon, ele precisava de redefinir o que significava um pequeno-almoço “adequado”. Ele utilizou a técnica da “Autoridade de Terceiros” (Third Party Authority), compreendendo que o público era cético em relação à publicidade direta, mas deferente perante a ciência e a medicina.
O Mecanismo da Campanha:
- A Pergunta Guiada: Bernays consultou o médico interno da sua agência (uma inovação por si só) e perguntou-lhe se, fisiologicamente, um pequeno-almoço “pesado” (rico em calorias e energia) era melhor do que um ligeiro, dado que o corpo perdia energia durante a noite. O médico concordou.
- A Pesquisa em Massa: Bernays pediu ao médico que escrevesse a milhares de outros médicos perguntando se concordavam com esta avaliação. Cerca de 4.500 médicos responderam afirmativamente.13
- A Publicidade da “Notícia”: Bernays não publicou anúncios a dizer “Compre Bacon Beech-Nut”. Ele disseminou os resultados desta “pesquisa médica” pelos jornais de todo o país. As manchetes liam-se: “4.500 Médicos Recomendam Pequeno-Almoço Mais Pesado para Melhor Saúde”.
- A Associação Simbólica: Nos artigos, sugeria-se que um “pequeno-almoço pesado” consistia, tradicionalmente, em bacon e ovos.
Resultado:
O público, acreditando estar a seguir conselhos de saúde imparciais, alterou os seus hábitos alimentares. As vendas de bacon dispararam. Bernays não vendeu um produto de carne processada; ele vendeu a ideia de saúde e vitalidade. Ele criou o “Pequeno-Almoço Americano” clássico, um construto cultural fabricado que persiste até hoje, demonstrando a capacidade das RP de alterar a fisiologia nacional.12
2.2 Ivory Soap: A Infiltração Institucional e a Estética
O trabalho de Bernays para a Procter & Gamble (P&G) e o seu sabão Ivory ilustra outra faceta da sua genialidade: a capacidade de alterar o ambiente cultural para favorecer o produto. O Ivory era um sabão branco, sem cheiro, uma commodity simples. Bernays precisava de criar diferenciação e lealdade.15
Bernays realizou pesquisas e descobriu que as pessoas preferiam sabão branco e sem cheiro por razões médicas ou de pureza, mas o mercado estava inundado de sabonetes perfumados. Ele decidiu elevar o Ivory de um item utilitário a um símbolo de pureza espiritual e estética.
Táticas de Segmentação e Engenharia Cultural:
- O Concurso Nacional de Escultura em Sabão: Bernays identificou que as crianças eram “inimigas” do sabão porque este estava associado à obrigação do banho. Para mudar esta dinâmica psicológica, ele criou a “National Soap Sculpture Competition”. Milhões de crianças em escolas americanas começaram a esculpir em sabão Ivory. O sabão transformou-se num meio artístico. As esculturas vencedoras eram exibidas em galerias de prestígio em Nova Iorque, conferindo uma aura de “alta cultura” a um produto doméstico barato. O concurso durou 25 anos e inseriu a marca no currículo escolar oficial.17
- A Regata de Sabão: Aproveitando a propriedade física do Ivory de flutuar na água (ao contrário de muitos concorrentes), Bernays organizou corridas de iates feitos de sabão nos lagos do Central Park. Este foi um “pseudo-evento” clássico: um evento criado unicamente para gerar cobertura noticiosa fotogénica.15
- Sanção Médica: Tal como com o bacon, Bernays recrutou médicos para atestar que o sabão branco e puro era melhor para a pele do que os sabonetes coloridos e perfumados, criando uma barreira “científica” contra a concorrência.21
2.3 Venida e a Regulação como Marketing
Quando a moda do cabelo curto (“bob”) ameaçou a indústria de redes de cabelo Venida, Bernays não tentou convencer as mulheres a deixar crescer o cabelo (uma batalha perdida contra a moda). Em vez disso, ele virou-se para a indústria e o governo. Ele lançou uma campanha de segurança no trabalho, alertando para os perigos do cabelo solto nas fábricas e na preparação de alimentos. Conseguiu persuadir legisladores a tornar obrigatório o uso de redes de cabelo em certas indústrias por razões de higiene e segurança. Bernays salvou o seu cliente não apelando ao consumidor final, mas manipulando o aparelho regulatório do estado para criar uma demanda obrigatória.
Capítulo III: Tochas da Liberdade — A Co-optação do Feminismo
A campanha mais audaciosa, e talvez a mais cinicamente brilhante de Bernays, ocorreu em 1929. O cliente era George Washington Hill, presidente da American Tobacco Company, fabricante dos cigarros Lucky Strike. Hill estava frustrado porque tinha acesso a apenas metade do mercado potencial: os homens. Existia um forte tabu social contra mulheres fumarem na rua; era considerado vulgar e associado à prostituição.8 Hill disse a Bernays: “Se conseguirmos que elas fumem ao ar livre, duplicaremos o nosso mercado feminino. Faz alguma coisa.”
3.1 A Análise Psicanalítica do Cigarro
Bernays, fiel ao seu método, não começou com publicidade, mas com psicanálise. Ele consultou o Dr. A.A. Brill, um proeminente psicanalista discípulo de Freud, para entender o significado simbólico do cigarro para as mulheres. Brill explicou que, no inconsciente feminino da época, o cigarro representava o falo e o poder masculino. Fumar era, simbolicamente, apropriar-se desse poder. Brill disse: “Os cigarros são tochas de liberdade”.8
Este insight foi a chave. Bernays percebeu que se conseguisse associar o ato de fumar ao movimento de emancipação feminina e ao desafio ao patriarcado, as mulheres fumariam não pela nicotina, mas pelo que o cigarro significava para a sua identidade.
3.2 A Execução: A Parada de Páscoa de 1929
Bernays orquestrou um “pseudo-evento” perfeito durante a famosa Parada de Páscoa de Nova Iorque, um evento de alta visibilidade social e mediática.
- O Casting: Ele recrutou um grupo de jovens debutantes (mulheres da alta sociedade, não modelos, para garantir a respeitabilidade) para marchar na parada.
- O Script: Instruiu-as a esconderem cigarros Lucky Strike sob as roupas e, num momento pré-determinado (quando os fotógrafos estivessem melhor posicionados), acenderem os cigarros desafiadoramente.
- A Narrativa: Bernays enviou comunicados de imprensa antecipados, sob a identidade de uma organização feminista fictícia, alertando que mulheres iriam acender “Tochas da Liberdade” em protesto contra a desigualdade de género.3
O Resultado:
A imagem de mulheres jovens, ricas e respeitáveis a fumar na Quinta Avenida correu o mundo. A manchete do New York Times no dia 1 de abril de 1929 foi: “Grupo de Raparigas Fuma Cigarros como Gesto de ‘Liberdade'”. O debate nacional que se seguiu quebrou o tabu. Fumar em público tornou-se um ato de sofisticação e libertação. As vendas de cigarros para mulheres dispararam. Bernays tinha conseguido transformar um agente cancerígeno num símbolo de direitos civis.2
3.3 A Guerra das Cores: O Baile Verde
Além do tabu social, a Lucky Strike tinha outro problema: a embalagem verde-floresta chocava com as cores da moda feminina da época. As mulheres não queriam carregar um maço que não combinasse com os seus vestidos. Hill recusou-se a mudar a cor da embalagem (“Gastei milhões a publicitá-la”). A solução de Bernays foi: “Se não mudas a embalagem, muda a moda”.14
Bernays lançou uma campanha abrangente para tornar o verde a cor do ano.
- Moda: Convenceu estilistas de alta costura em Paris e Nova Iorque a lançar coleções baseadas no verde.
- Sociedade: Organizou o “Green Ball” (Baile Verde) no Waldorf-Astoria, um evento de caridade de elite onde o código de vestuário era obrigatoriamente verde.
- Influência: Pressionou lojas de departamentos e revistas de decoração a destacar o verde.
No final da campanha, o verde era a cor da moda, e o maço de Lucky Strike tornou-se o acessório perfeito. Esta campanha demonstrou a capacidade de Bernays de manipular não apenas opiniões, mas a estética visual de uma era inteira para servir um cliente.14
Capítulo IV: A Consagração do Poder Corporativo — O Jubileu de Ouro da Luz
Se as campanhas do tabaco e do sabão provaram que Bernays podia manipular consumidores, o “Light's Golden Jubilee” (Jubileu de Ouro da Luz) de 1929 provou que ele podia manipular a história e o estado.
4.1 O Cliente e o Problema
Bernays foi contratado pela General Electric (GE) e Westinghouse. Na época, as grandes empresas de serviços públicos estavam sob ataque político e ameaça de nacionalização ou regulação pesada devido ao seu poder monopolista. Precisavam de uma mudança de imagem urgente, de predadores monopolistas para benfeitores da humanidade. A oportunidade surgiu com o 50.º aniversário da invenção da lâmpada incandescente por Thomas Edison.22
4.2 A Escala da Celebração
Bernays planeou uma celebração de seis meses que culminaria num evento global. O objetivo não era apenas celebrar uma invenção, mas canonizar Edison (e, por extensão, a indústria elétrica privada) como o santo padroeiro do progresso americano.
Estratégias de Bernays:
- Mobilização Estatal: Bernays convenceu os Correios dos EUA a emitir um selo comemorativo da lâmpada elétrica — uma das primeiras vezes que uma inovação corporativa recebeu tal honra estatal.
- O Evento em Dearborn: O evento principal ocorreu no novo instituto de Henry Ford em Dearborn, Michigan. Bernays garantiu a presença do Presidente dos EUA, Herbert Hoover. Ter o presidente a homenagear uma indústria privada num evento orquestrado por um relações públicas foi um feito de legitimação sem precedentes.22
- O Apagão Global: Bernays coordenou com empresas de energia em todo o mundo para que, no momento em que Edison reencenasse a invenção da lâmpada na rádio, as luzes fossem desligadas por um minuto em cidades inteiras, voltando a acender-se ao sinal de Edison.
- Convidados de Elite: Além do Presidente Hoover, estiveram presentes Henry Ford, Orville Wright, Marie Curie, John D. Rockefeller Jr. e George Eastman. Bernays transformou um evento corporativo numa cimeira da civilização ocidental.15
O resultado foi uma cobertura mediática avassaladora e positiva. A imagem das empresas de eletricidade foi lavada pela luz benevolente de Edison. O evento marcou o apogeu da influência de Bernays antes da Grande Depressão, demonstrando a fusão completa entre o poder corporativo, a narrativa histórica e a autoridade estatal.
Capítulo V: Geopolítica das Bananas — O Golpe na Guatemala (1954)
O capítulo mais consequente e eticamente devastador da carreira de Bernays ocorreu durante a Guerra Fria. Aqui, as suas técnicas não foram usadas para vender produtos, mas para derrubar um governo soberano e proteger os ativos da United Fruit Company (UFCO), hoje conhecida como Chiquita Brands International.2
5.1 O Contexto: Reforma Agrária e Pânico Corporativo
A UFCO era o maior proprietário de terras na Guatemala e operava como um estado dentro do estado. Em 1951, Jacobo Árbenz foi eleito democraticamente presidente da Guatemala com uma plataforma de modernização e reforma agrária. O seu Decreto 900 visava expropriar terras não cultivadas de grandes latifundiários (incluindo a UFCO) para distribuir aos camponeses sem terra, pagando uma compensação baseada no valor que a própria empresa tinha declarado para impostos (que era fraudulentamente baixo). A UFCO entrou em pânico e contratou Bernays.26
5.2 A Estratégia: A Ameaça Comunista Fabricada
Bernays sabia que o público americano e o governo não se mobilizariam para defender os lucros de uma empresa de fruta. Ele precisava de reenquadrar a questão. Num contexto de Guerra Fria e Macarthismo, a “botão de pânico” era o comunismo. Bernays decidiu pintar Árbenz não como um reformista nacionalista, mas como um fantoche soviético que estava a estabelecer uma “cabeça de ponte comunista” a poucas horas de voo de Nova Orleães.25
O Middle America Information Bureau:
Bernays reativou o Middle America Information Bureau, uma organização de fachada que servia como conduta de propaganda da UFCO disfarçada de notícias.
Táticas de Manipulação Mediática:
- Press Junkets (Viagens de Imprensa): Bernays organizou viagens de luxo à Guatemala para jornalistas influentes do New York Times, Time, Newsweek e outros. No terreno, o acesso dos jornalistas era estritamente controlado pela UFCO. Eles eram apresentados a políticos da oposição e alimentados com documentos falsificados que “provavam” a infiltração soviética.26
- Influenciar os Liberais: Bernays focou-se especificamente nos media liberais, sabendo que os conservadores já estariam contra Árbenz. Ele usou a linguagem da liberdade e dos direitos humanos para convencer os liberais de que Árbenz era um ditador em ascensão.30
- Lobismo e Inteligência: Bernays bombardeou o Congresso e a Casa Branca com relatórios alarmistas. Ele explorou as ligações pessoais entre a administração Eisenhower e a UFCO (o Secretário de Estado John Foster Dulles e o Diretor da CIA Allen Dulles tinham ambos trabalhado para o escritório de advogados da UFCO).26
5.3 O Golpe e as Consequências
A campanha de Bernays criou o clima político necessário para que o Presidente Eisenhower autorizasse a Operação PBSuccess da CIA. Em 1954, uma pequena força paramilitar treinada pela CIA invadiu a Guatemala. A guerra psicológica, amplificada pela propaganda de rádio e pela desinformação plantada por Bernays na imprensa americana, convenceu Árbenz e o exército guatemalteco de que uma invasão massiva dos EUA estava iminente. Árbenz renunciou.27
A imprensa americana, guiada pelas narrativas de Bernays, celebrou o golpe como uma vitória da democracia contra o comunismo. Na realidade, seguiu-se uma sucessão de ditaduras militares brutais e uma guerra civil que durou 36 anos e custou cerca de 200.000 vidas. Bernays, operando a partir do seu escritório em Nova Iorque, tinha orquestrado a desestabilização de uma nação inteira para vender bananas.29
Tabela 5.1: A Estrutura da Desinformação na Guatemala
| Elemento | Realidade | Narrativa de Bernays (Propaganda) |
| Jacobo Árbenz | Nacionalista reformista, inspirado no New Deal dos EUA. | Agente soviético perigoso, comunista radical. |
| Reforma Agrária | Expropriação legal de terras não cultivadas com compensação. | Confisco comunista ilegal, ataque à propriedade privada. |
| Apoio Soviético | Inexistente ou negligenciável (Árbenz comprou armas checas apenas após embargo dos EUA). | A Guatemala como base militar soviética nas Américas. |
| Invasão (1954) | Golpe orquestrado pela CIA para proteger interesses corporativos. | “Revolução de libertação” espontânea do povo guatemalteco. |
Capítulo VI: A Teoria do Governo Invisível — Propaganda (1928)
Para compreender plenamente as ações de Bernays, devemos regressar à sua teoria. O seu livro Propaganda (1928) é um manual de instruções surpreendentemente franco para a manipulação democrática.
6.1 A Necessidade da Manipulação
Bernays abre o livro com uma declaração que define a sua visão de mundo: “A manipulação consciente e inteligente dos hábitos e opiniões organizados das massas é um elemento importante na sociedade democrática. Aqueles que manipulam este mecanismo oculto da sociedade constituem um governo invisível que é o verdadeiro poder dominante do nosso país”.4
Ele não via isso com cinismo, mas como uma necessidade técnica. Numa sociedade de massas, onde milhões de pessoas precisam cooperar, é impossível esperar consenso espontâneo. O “consentimento” deve ser “engenheirado” (fabricado) por especialistas.
6.2 O Método: Engenharia do Consentimento
A “Engenharia do Consentimento” baseia-se em princípios científicos:
- Pesquisa: Entender os desejos ocultos e medos do público-alvo.
- Estratégia: Planear a ação não apenas para vender o produto, mas para mudar o contexto em que o produto é visto.
- Símbolos: Substituir argumentos lógicos por símbolos emocionais (ex: cigarro = tocha da liberdade).
- Líderes de Opinião: Não tentar convencer a massa diretamente; convencer os líderes em quem a massa confia (médicos, celebridades, políticos).11
6.3 O Legado Ético e Crítica
Bernays acreditava que a propaganda era moralmente neutra — uma ferramenta que podia ser usada para o bem (saúde pública, caridade) ou para o mal. No entanto, a sua carreira demonstrou que a ferramenta servia quem pagava mais. A sua recusa em aceitar a responsabilidade moral pelas consequências das suas campanhas (como o cancro do pulmão ou o genocídio na Guatemala) é o ponto central da crítica moderna à sua figura.2
O facto de Joseph Goebbels, o ministro da propaganda nazi, ter sido um ávido leitor e admirador dos livros de Bernays (como o próprio Bernays descobriu com horror na década de 1930) ilustra o perigo inerente das suas técnicas. A mesma engenharia que vendeu bacon, vendeu o nazismo.2
Conclusão: O Mundo que Bernays Construiu
Edward Bernays morreu em 1995, mas o século XXI é, em muitos aspetos, o século de Bernays. A transição do cidadão para o consumidor, a centralidade da imagem na política, a prevalência do spin sobre o facto, e a manipulação algorítmica das emoções nas redes sociais são herdeiros diretos das suas inovações.28
Ele ensinou às corporações e aos governos que a verdade factual é maleável e secundária em relação à verdade emocional. Ele profissionalizou a arte de fazer o público querer coisas que não precisa e temer ameaças que não existem. Ao descrever Edward Bernays, descrevemos o código-fonte da sociedade de informação moderna. Ele foi o rei da propaganda porque entendeu, antes de qualquer outro, que a melhor forma de controlar as pessoas não é através da força, mas através dos seus próprios desejos. O “governo invisível” que ele descreveu em 1928 não desapareceu; tornou-se apenas mais sofisticado, digital e omnipresente.
Bernays deixou-nos um aviso, talvez não intencional, na sua própria obra: numa democracia onde o consentimento é fabricado, a liberdade de escolha pode ser a maior de todas as ilusões.
Nota Metodológica: Este relatório foi compilado com base numa análise detalhada de registos históricos e biográficos. As referências no texto correspondem aos identificadores de pesquisa fornecidos (ex: [1]), garantindo a rastreabilidade de cada afirmação factual.
Referências citadas
- Edward Bernays | Research Starters – EBSCO, acessado em dezembro 23, 2025, https://www.ebsco.com/research-starters/history/edward-bernays
- Edward Bernays – Wikipedia, acessado em dezembro 23, 2025, https://en.wikipedia.org/wiki/Edward_Bernays
- Edward Bernays – SourceWatch, acessado em dezembro 23, 2025, https://www.sourcewatch.org/index.php/Edward_Bernays
- The Engineering of Consent – Wikipedia, acessado em dezembro 23, 2025, https://en.wikipedia.org/wiki/The_Engineering_of_Consent
- Propaganda (book) – Wikipedia, acessado em dezembro 23, 2025, https://en.wikipedia.org/wiki/Propaganda_(book)
- Edward L. Bernays, Nephew of Freud, Founds Public Relations – History of Information, acessado em dezembro 23, 2025, https://www.historyofinformation.com/detail.php?id=3128
- EDWARD BERNAYS – THE “MASTER OF PROPAGANDA” – antonabroad.com, acessado em dezembro 23, 2025, https://antonabroad.com/edward-bernays-article/
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