Este documento constitui uma análise forense e estratégica sobre o Paysandu Sport Club, elaborada em resposta à solicitação de diagnóstico profundo sobre as causas do rebaixamento para a Série C do Campeonato Brasileiro ao final da temporada de 2025 e as diretrizes necessárias para um retorno sustentável à Série A. A elaboração deste relatório parte de uma premissa fundamental: o descenso desportivo de 2025 não foi um acidente de percurso ou fruto do acaso, mas a consequência lógica e acumulativa de um processo de erosão institucional, falência de modelos de governança e obsolescência nas práticas de gestão de futebol que se estendem pela última década.
Como sempre criamos dois artigos abaixo um na linguagem Amazonês e Português do Brasil
Égua, Mano! O Papão Levou o Farelo: A Resenha da Queda e Como Sair do Sal
Égua, não! Tu ficaste sabendo dessa bronca? O negócio tá feio pro lado da Curuzu. A gente recebeu um relatório aqui que é “di rocha”, explicando tin-tin por tin-tin porque o nosso Papão foi parar na Série C de novo. Bora deixar de lero lero e mandar a real, porque aqui a gente não tapa o sol com a peneira.
1. A Bronca: Não foi Azar, foi Panemice Mesmo
Mano, vou logo te avisando: a queda do Papão não foi coisa do acaso não. O relatório diz que foi uma “Tempestade Perfeita”. Traduzindo: foi muita batata podre junta. Primeiro, a cartolagem do grupo “Novos Rumos”, que antes era pai d'égua , agora tá cheia de pavulagem. Os caras tão brigando entre eles, cada um querendo ser mais metido que o outro, e o clube ficou no meio do tiroteio. Segundo, a grana tá curta, o clube tá liso e cheio de dívida até o tucupi. E terceiro, enquanto a gente ficava de butuca , os rivais (tipo o Fortaleza e o Cuiabá) tavam se organizando e ficaram só o filé.
2. A Bagunça dos Cartolas e a Torcida no Vácuo
Lembra quando tudo era de bubulhaa? Pois é, já era. A diretoria do Paysandu se fechou numa bolha e esqueceu da galera. Eles acharam que sabiam de tudo, mas tavam mais perdidos que boca miúda em dia de novena. O presidente ficou isolado e as decisões foram tomadas na doida. A torcida? Ah, meu amigo, a torcida ficou injuriada (zangada). Os caras queriam votar, queriam participar, mas levaram um “não te mete” na cara. O resultado? A Fiel ficou carrancuda e o sócio-torcedor despencou. É muita tiriça (azar)!
3. O Time de 2025: Um Bando de Perna de Pau
Mano, o ano de 2024 foi aquele migué. O time escapou, mas a gente sabia que não tava prestando. Aí chegou 2025 e a diretoria fez o quê? Montou um elenco que, olha já, era de chorar. Trouxeram uns jogadores que pareciam que tavam com inhaca, pesados, sem vontade. O time não tinha padrão, era uma bandalhêra. E os técnicos? Vixe! Mudaram mais de técnico do que a gente muda de roupa pra ir no Sairé. O resultado foi esse: o time virou um saco de pancada e levou o farelo.
4. O Rombo no Bolso: A Coisa vai Ficar Preta em 2026
Agora segura essa: cair pra Série C é um prejuízo discunforme. A grana da TV, que era maceta (uns 10 milhões), vai virar uma porção de mixaria. O clube tá devendo Deus e o mundo. Tem processo trabalhista, tem dívida na FIFA… Se não abrir o olho, o Papão vai ficar brocado , sem dinheiro nem pra comprar um chibé. E tem mais: tão querendo antecipar a grana de 2026 pra pagar as contas de agora. Ou seja, já vão começar o ano devendo. Te mete!
5. O Caminho das Pedras: Bora Espiar os Vizinhos
Mas nem tudo tá perdido, parente. O relatório diz que dá pra sair dessa, mas tem que deixar de ser leso. Tem que olhar pro Fortaleza e pro Cuiabá.
Fortaleza: Os caras transformaram o torcedor em parceiro. Fizeram camisa própria, marketing pesado. A torcida lá é firme.
Cuiabá: Lá é gestão de empresa, sem lenga-lenga. Eles usam a tática do “Copo Vazio”: contratam gente nova, com fome de bola, e não esses medalhões que só querem mamar.
6. O Plano pro Papão Voltar a Ser o Bicho
Pra voltar a ser o bicho, o Paysandu tem que fazer o seguinte:
Futebol Raiz: O novo técnico, Júnior Rocha, tem que montar um time de curumins e gente nova que corra o campo todo. Chega de velho cansado! Tem que usar a base, os moleques da casa.
Virar Gente Grande (SAF): Esse negócio de amadorismo já era. Tem que ver essa SAF aí, mas com cuidado pra não vender o clube por preço de banana pra qualquer enxerido.
Economia de Guerra: Cortar gasto onde der. Se tiver que vender o almoço pra comprar a janta, vai ter que vender. E chamar a torcida pra junto: “Bora, galera, o time tá precisando!”.
Resumo da Ópera
Mano, o Papão tá na lama, mas se tiver vergonha na cara e deixar a pavulagem de lado, volta logo. A torcida é dura na queda e não abandona. Bora cobrar essa diretoria pra eles pegarem o beco da incompetência e fazerem o trabalho direito. Se não, mano… só te digo vai!
Relatório de Inteligência Estratégica: Diagnóstico da Crise Institucional do Paysandu Sport Club e Plano Diretor para Retorno à Elite Nacional
1. Sumário Executivo
Este documento constitui uma análise forense e estratégica sobre o Paysandu Sport Club, elaborada em resposta à solicitação de diagnóstico profundo sobre as causas do rebaixamento para a Série C do Campeonato Brasileiro ao final da temporada de 2025 e as diretrizes necessárias para um retorno sustentável à Série A. A elaboração deste relatório parte de uma premissa fundamental: o descenso desportivo de 2025 não foi um acidente de percurso ou fruto do acaso, mas a consequência lógica e acumulativa de um processo de erosão institucional, falência de modelos de governança e obsolescência nas práticas de gestão de futebol que se estendem pela última década.
A análise identifica que o Paysandu enfrenta uma “Tempestade Perfeita”, caracterizada pela convergência de três vetores destrutivos: (1) o esgotamento político e administrativo do grupo “Novos Rumos”, que transitou de uma proposta de modernização para um isolamento decisório; (2) um colapso financeiro iminente, agravado pela disparidade de receitas entre as divisões nacionais e passivos trabalhistas e internacionais não sanados; e (3) a ascensão competitiva de rivais regionais e nacionais que adotaram modelos de gestão mais eficientes, notadamente o Fortaleza Esporte Clube (modelo associativo profissionalizado/SAF) e o Cuiabá Esporte Clube (clube-empresa).
Para reverter este cenário e viabilizar o retorno à elite, o relatório propõe um rompimento radical com o status quo. Não se trata apenas de “montar um time para subir”, mas de refundar as bases operacionais do clube. As recomendações centram-se na implementação imediata de austeridade inteligente (o conceito de “Copo Vazio” do Cuiabá), na monetização agressiva da base de torcedores via engajamento digital (o modelo “Leão 100” do Fortaleza) e na inevitável transição para um modelo de governança corporativa, possivelmente via Sociedade Anônima do Futebol (SAF), que blinde o departamento de futebol das turbulências políticas estatutárias. A temporada de 2026 na Série C é diagnosticada não como um purgatório, mas como o ano zero para uma reconstrução que deve mirar a sustentabilidade na Série A até 2030.
2. Anatomia de um Colapso: A Erosão Política e Administrativa (2013-2025)
A compreensão do rebaixamento de 2025 exige uma arqueologia política do clube. O fracasso em campo é o reflexo direto das fraturas no gabinete da presidência e no Conselho Deliberativo. O Paysandu, gigante do Norte, tornou-se refém de um modelo de gestão que, embora vitorioso em sua gênese, tornou-se anacrônico diante das exigências do futebol indústria contemporâneo.
2.1 Ascensão e Queda do Movimento “Novos Rumos”
O grupo político denominado “Novos Rumos” assumiu o protagonismo do Paysandu em 2013, sob a liderança de figuras emblemáticas e com um discurso pautado na austeridade fiscal, recuperação da credibilidade e modernização administrativa.1 O período inicial, marcado pela gestão de Vandick Lima, trouxe estabilidade e sucessos pontuais, mas plantou as sementes da discórdia que germinariam anos depois. A análise histórica revela que o grupo, concebido para ser uma frente ampla de renovação, sofreu um processo de “canibalização interna”.
A ruptura do “Novos Rumos” não foi um evento singular, mas um processo de degradação contínua. As evidências apontam que, após a gestão inicial, houve uma incapacidade de formar sucessores alinhados aos princípios originais de responsabilidade fiscal. A transição de poder em 2017 e, subsequentemente, em 2019, foi marcada por dissidências públicas. Membros fundadores do grupo passaram a criticar abertamente a condução do clube, alegando que o projeto de austeridade fora substituído por populismo desportivo e irresponsabilidade orçamentária.3
O ápice desse desgaste manifestou-se na gestão de Roger Aguilera. O presidente, herdeiro político do grupo, viu-se isolado e alvo de críticas ferozes tanto da oposição quanto de antigos aliados. A gestão Aguilera foi caracterizada por uma tentativa de centralização decisória em um momento que exigia pluralidade e competência técnica. Relatos de bastidores e análises da imprensa local indicam que a “Novos Rumos” se dividiu em facções, paralisando o planejamento estratégico do clube. Onde antes havia um colegiado discutindo o futuro, restou um pequeno núcleo tomando decisões de emergência, muitas vezes desconectadas da realidade financeira da instituição.2
2.2 O Isolamento Institucional e a Crise de Representatividade
A crise política transbordou para a relação com a torcida, o maior ativo do clube. O modelo associativo do Paysandu, restritivo e arcaico, impediu que a massa de torcedores participasse efetivamente dos rumos da instituição. Em 2025, enquanto o time afundava na tabela, a torcida protestava não apenas pelos resultados, mas pela falta de voz. A exigência do “voto para o sócio-torcedor” tornou-se um grito de guerra nas arquibancadas da Curuzu, evidenciando o abismo entre a diretoria e a base social do clube.6
Esse isolamento gerou um fenômeno sociológico perigoso: a desmobilização. A torcida, sentindo-se impotente para mudar a gestão, oscilou entre a fúria e a apatia. O programa de sócio-torcedor, que deveria ser a alavanca financeira em momentos de crise, sofreu com ameaças de cancelamento em massa e inadimplência, justamente quando o clube mais precisava de receita recorrente.8 A diretoria falhou em perceber que, no futebol moderno, a governança ESG (Environmental, Social, and Governance) exige transparência e participação. Ao fechar-se em copas, a gestão Aguilera alienou seus “clientes” e financiadores.
2.3 Comparativo com o Rival: O Espelho Invertido
O impacto psicológico e político do rebaixamento é amplificado pelo sucesso do Clube do Remo no mesmo ciclo temporal. Enquanto o Paysandu mergulhava no caos administrativo, o Remo obtinha o acesso à Série A, projetando folhas salariais de R$ 500 mil e discutindo modelos de SAF com valorização de mercado.9
Essa disparidade não é apenas uma questão de sorte em campo, mas de ciclos de gestão. O Remo, que passou anos no ostracismo, parece ter encontrado um alinhamento político momentâneo que permitiu o fluxo de investimentos e a estabilidade técnica. O Paysandu, por sua vez, viveu o inverso: a estagnação do sucesso. A comparação constante pressionou a diretoria bicolor a tomar decisões precipitadas — contratações de impacto sem lastro financeiro, trocas intempestivas de treinadores — na tentativa desesperada de dar uma resposta imediata ao sucesso do rival, o que apenas acelerou a queda.10
3. Forense da Temporada 2024-2025: A Crônica do Rebaixamento
O rebaixamento consolidado em 2025 não foi um evento isolado, mas o desfecho de uma trajetória de declínio técnico que já emitia sinais de alerta em 2024. A análise das duas temporadas revela uma incapacidade crônica do departamento de futebol em ler o cenário competitivo da Série B e adaptar-se a ele.
3.1 A Ilusão de 2024 e a Cegueira Estratégica
Em 2024, o Paysandu encerrou a Série B na 13ª posição com 50 pontos.11 À primeira vista, uma campanha segura de manutenção. No entanto, uma análise mais profunda revela que essa pontuação, embora historicamente alta para o clube, mascarou deficiências estruturais graves. O time dependeu excessivamente de resultados em casa e de desempenhos individuais esporádicos, sem apresentar um padrão tático coletivo robusto.
A diretoria interpretou a permanência de 2024 como um sinal de que o elenco e a comissão técnica eram suficientes, ignorando que a Série B estava se tornando cada vez mais competitiva com a chegada de clubes organizados e SAFs. Essa “cegueira estratégica” levou a um planejamento conservador e falho para 2025. Achar que “o que funcionou ano passado funcionará este ano” é um dos erros mais comuns e fatais na gestão desportiva.12
3.2 2025: O Ano do Improviso e da Incompetência
A temporada de 2025 foi catastrófica desde o planejamento inicial. A montagem do elenco foi descrita por analistas e ídolos do clube como “sem alma” e baseada em improvisos.10 A diretoria apostou em jogadores que não possuíam o perfil físico e mental exigido para a Série B, resultando em um time tecnicamente frágil e psicologicamente vulnerável.
Tabela 1: Indicadores de Performance – Paysandu na Série B 2025
| Indicador | Desempenho | Impacto na Campanha |
| Posição Final | Lanterna / Z4 (Rebaixado na 35ª rodada) 13 | Perda total de competitividade; desvalorização da marca. |
| Vitórias/Empates/Derrotas | 5V – 12E – 18D (até a 35ª rodada) 13 | Incapacidade de vencer (“empatite” crônica) e excesso de derrotas. |
| Desempenho como Mandante | Irregular, com perda de pontos cruciais | A Curuzu deixou de ser um “bunker”; perda da pressão da torcida. |
| Estabilidade Técnica | Troca constante de treinadores (ex: Hélio dos Anjos, Márcio Fernandes) | Ausência de padrão tático; jogadores confusos com mudanças de filosofia. |
| Defesa/Ataque | Pior ataque e defesa da competição em diversos momentos 14 | Desequilíbrio completo; time não segurava resultados (vide virada do Atlético-GO). |
O jogo contra o Atlético-GO, que selou o rebaixamento matemático, é o microcosmo da temporada: o Paysandu saiu na frente, teve um gol anulado, mas cedeu a virada por falhas defensivas e incapacidade de reação mental.13 A equipe demonstrou fragilidade emocional, colapsando ao primeiro sinal de adversidade, sintoma típico de vestiários mal geridos e salários atrasados.
3.3 A Gestão do Vestiário e a Rotatividade Técnica
A gestão de futebol do Paysandu em 2025 cometeu o pecado capital da instabilidade. A “dança das cadeiras” no comando técnico impediu qualquer continuidade de trabalho. Treinadores com perfis diametralmente opostos foram contratados e demitidos em curtos espaços de tempo. Hélio dos Anjos, conhecido por seu estilo motivacional e agressivo, foi substituído em um contexto de desgaste, mas seus sucessores, como Márcio Fernandes, não conseguiram extrair desempenho de um elenco que não ajudaram a montar.13
Além disso, a gestão de vestiário foi contaminada por problemas extracampo. Atrasos salariais e promessas não cumpridas minaram a autoridade da diretoria perante os atletas. Jogadores como o goleiro Matheus Nogueira foram expostos à crítica da torcida sem a devida blindagem institucional, criando um ambiente tóxico onde o erro individual era amplificado pela pressão externa.16
4. O Abismo Financeiro: A Realidade da Série C em 2026
O rebaixamento impõe ao Paysandu uma nova realidade econômica que pode ser descrita como “economia de guerra”. A estrutura de receitas do futebol brasileiro é desenhada de forma piramidal, e o degrau entre a Série B e a Série C é o mais íngreme de todos.
4.1 O Choque de Receitas
A queda de arrecadação projetada para 2026 é brutal e exige cortes imediatos e profundos. A dependência das cotas de TV e das verbas da liga torna o rebaixamento um desastre contábil.
Tabela 2: Matriz de Impacto Financeiro (Projeção 2026)
| Fonte de Receita | Cenário Série B (2025) | Cenário Série C (2026) | Variação Estimada |
| Cota de TV / Liga | R$ 10 mi – R$ 11,5 mi 17 | ~R$ 1,2 milhão (Fixa) 18 | -90% (Perda de ~R$ 10 mi) |
| Premiação Desportiva | Variável (Milhões) | ~R$ 312,5 mil (Fase Final) 18 | Redução Drástica |
| Patrocínio Master | Valorização Nacional | Valorização Regional | Queda de 40-60% (Estimada) |
| Bilheteria/Sócio | Ticket Médio Alto | Ticket Médio Baixo | Queda por desmobilização e atratividade |
O clube deixará de receber cerca de R$ 10 milhões apenas em cotas fixas. Para uma agremiação que já opera com dificuldades, isso significa a impossibilidade de manter a folha salarial atual, exigindo rescisões em massa e renegociações contratuais humilhantes.
4.2 O Passivo Oculto e o Risco de Insolvência
Além da queda de receita, o Paysandu enfrenta um passivo acumulado que ameaça sua operação diária.
- Dívidas Trabalhistas: A condenação recente de R$ 1,5 milhão na Justiça do Trabalho por atrasos salariais e a disputa de R$ 2,3 milhões com o técnico Hélio dos Anjos são apenas a ponta do iceberg.9 Essas dívidas têm prioridade legal e podem bloquear as poucas receitas que restam (como a cota da Copa do Brasil).
- Risco FIFA (Transfer Ban): A dívida internacional referente à contratação do jogador Keffel, na casa dos milhares de euros, expõe o clube ao risco de Transfer Ban.20 Se punido, o Paysandu ficaria impedido de registrar novos jogadores, tendo que disputar a Série C com um elenco residual ou da base, o que aumentaria exponencialmente o risco de um novo rebaixamento, desta vez para a Série D.
- Antecipação de Receitas: Há indícios preocupantes de que a diretoria atual já solicitou a antecipação de cotas de 2026 (Copa do Brasil) para fechar as contas de 2025.18 Isso significa que o clube entrará no próximo ano já devendo o dinheiro que ainda não recebeu, comprometendo o fluxo de caixa futuro.
4.3 Valuation da SAF: A Esperança de R$ 300 Milhões?
Diante desse cenário, a transformação em Sociedade Anônima do Futebol (SAF) surge como a única boia de salvação aparente. O presidente Roger Aguilera revelou que estudos preliminares avaliam a SAF do Paysandu em R$ 300 milhões.21 No entanto, é crucial analisar esse número com ceticismo profissional.
- Valuation vs. Dívida: O valor de R$ 300 milhões refere-se a uma avaliação de potencial de mercado e ativos (marca, torcida, direitos), não dinheiro em caixa. Investidores descontarão desse valor o passivo assumido (dívidas trabalhistas, cíveis, tributárias).
- Atratividade na Série C: Um clube na Série C vale significativamente menos do que na Série B. O poder de negociação do Paysandu está em seu ponto mais baixo. Investidores oportunistas podem tentar adquirir o controle do clube por valores irrisórios, prometendo apenas sanar a dívida imediata.
- Modelo de Negócio: A diretoria fala em “parceiros estratégicos”, mas o mercado de SAFs no Brasil já mostrou que sem governança rígida, o clube pode perder sua identidade ou tornar-se apenas um satélite de grupos maiores.
5. Benchmarking Estratégico: O Caminho das Pedras
Para desenhar o plano de retorno à Série A, é imperativo estudar os casos de sucesso de clubes que superaram o “inferno” da Série C e estabeleceram-se na elite, operando fora do eixo econômico Rio-São Paulo. Fortaleza e Cuiabá são os arquétipos ideais para o Paysandu.
5.1 Caso Fortaleza: A Revolução Cultural e de Marketing
O Fortaleza Esporte Clube é o exemplo máximo de recuperação institucional. Após oito anos na Série C, o clube ascendeu à Série A e à final da Copa Sul-Americana.
- Gestão Profissional (CEO): A grande virada do Fortaleza foi a profissionalização da gestão sob a liderança de Marcelo Paz. A transição do modelo presidencialista para uma estrutura de CEO (mesmo antes da SAF formal) permitiu continuidade. Paz permaneceu no cargo mesmo em momentos de crise, garantindo estabilidade ao projeto.24
- Marketing “Leão 100”: O clube entendeu que não poderia depender da TV. Criou marcas próprias de material esportivo (Leão 1918), maximizando a margem de lucro sobre camisas. Campanhas de engajamento digital massivo transformaram o torcedor em consumidor ativo. O Fortaleza hoje figura entre os clubes com maior engajamento digital do mundo, monetizando cada like e share.27
- A Lição para o Paysandu: O Paysandu tem uma torcida apaixonada e numerosa, similar à do Fortaleza. O clube precisa parar de tratar o torcedor apenas como pagante de ingresso e passar a tratá-lo como sócio do projeto. A criação de produtos próprios, a democratização do acesso e a transparência radical são as ferramentas para ativar essa receita represada.
5.2 Caso Cuiabá: A Eficiência do Clube-Empresa
O Cuiabá Esporte Clube apresenta um modelo diferente, baseado na gestão empresarial familiar (Família Dresch) e na frieza corporativa.
- Austeridade e “Copo Vazio”: O Cuiabá adota uma política de contratação conhecida como “Copo Vazio”. Busca jogadores jovens, de divisões inferiores, com fome de vencer e potencial de revenda. O clube evita “medalhões” acomodados que incham a folha. Essa estratégia reduz custos e cria ativos (ex: venda de Rikelme por R$ 18,5 milhões).29
- Infraestrutura como Prioridade: O lucro do clube não é drenado por política ou dívidas passadas; é reinvestido no Centro de Treinamento (R$ 50 milhões investidos). Isso garante que o time, mesmo barato, tenha condições de trabalho de elite.29
- Agilidade Decisória: Sendo um clube de dono, as decisões são rápidas. Não há conselhos deliberativos hostis ou oposições políticas paralisantes.
- A Lição para o Paysandu: Embora o Paysandu seja associativo, ele precisa emular a eficiência do Cuiabá na montagem do elenco para 2026. A Série C exige pernas, força e juventude, não nomes famosos. O investimento na base e no CT deve ser sagrado, blindado das crises do time profissional.
6. O Plano Diretor para 2026: Reconstrução e Retorno
Baseado no diagnóstico e nos benchmarks, este relatório propõe um plano estratégico dividido em três pilares para a temporada de 2026 e além.
Pilar 1: Futebol e Inteligência Desportiva (O Método Júnior Rocha)
A escolha de Júnior Rocha como treinador para 2026 é o primeiro acerto estratégico da nova fase.31 Rocha é um especialista em Série C e B, com acessos no currículo (Luverdense, Ferroviária).
- Perfil Tático e de Elenco: O Paysandu deve adotar um estilo de jogo pragmático, focado em intensidade física e transição rápida, adequado aos gramados pesados da Série C. O elenco deve ser montado seguindo a lógica do Cuiabá: 70% de jogadores jovens com vigor físico (Série C/D e Estaduais), 20% de líderes experientes (espinha dorsal) e 10% de apostas da base.
- Integração da Base (Comitê Alberto Maia): A nova comissão liderada por Alberto Maia prometeu integrar a base. Isso não pode ser retórica. O Paysandu deve estabelecer uma meta contratual de utilizar min. 30% de atletas formados em casa no elenco principal. Isso reduz a folha e cria identidade com a torcida.33
- Blindagem do Vestiário: A figura do Executivo de Futebol, Marcelo Sant'Ana, deve servir como um escudo entre a política do clube e o vestiário. Salários devem ser sagrados, mesmo que para isso a folha tenha que ser reduzida drasticamente.8
Pilar 2: Choque de Gestão e Governança (Rumo à SAF)
A estrutura associativa atual é incapaz de gerir a crise. A transição para SAF deve ser acelerada, mas com cautela.
- Auditoria Forense: Antes de vender, o clube precisa saber o tamanho real do buraco. Uma auditoria externa deve abrir a “caixa preta” das contas de 2024/2025.36
- Modelo de SAF: O Paysandu não deve vender 90% do clube na bacia das almas. O modelo ideal é uma parceria onde o clube mantenha uma “Golden Share” (ação de ouro) para proteger símbolos e sede, enquanto cede o controle do futebol para um grupo com know-how de gestão, não apenas financeiro. O valuation de R$ 300 milhões deve ser defendido com base no potencial de consumo da torcida, não nos ativos físicos.
- Reforma Estatutária: Enquanto a SAF não sai, o estatuto deve ser modernizado para permitir o voto do sócio-torcedor. Isso legitimará a próxima gestão e trará a torcida de volta para dentro do clube, pacificando o ambiente político.7
Pilar 3: Engenharia Financeira de Curto Prazo
- ** Renegociação de Dívidas:** O clube deve buscar um Regime Centralizado de Execuções (RCE) ou Recuperação Judicial para suspender penhoras e organizar o pagamento de credores (trabalhistas e cíveis) em parcelas mensais compatíveis com a receita da Série C.
- Operação “Transfer Ban”: A dívida com Keffel e outros casos FIFA devem ser a prioridade zero. Recursos devem ser desviados de qualquer outra área para sanar isso e evitar o bloqueio de contratações.20
- Marketing de Guerra: Lançar a campanha “Reconstrução Bicolor”. O Paysandu deve vender a jornada da Série C como uma epopeia de resgate. A torcida provou ser fiel; se a diretoria for transparente sobre a gravidade da situação (“estamos quebrados e precisamos de vocês”), a resposta das arquibancadas virá em forma de adesão ao sócio-torcedor.
7. Conclusão
O Paysandu Sport Club encontra-se em uma encruzilhada existencial. O caminho da negação — fingir que 2025 foi um acidente e tentar gastar o que não tem para subir em 2026 — levará inevitavelmente à insolvência e possivelmente à Série D. O caminho da reconstrução é doloroso, exige sacrifícios políticos (perda de poder dos cartolas tradicionais), financeiros (cortes brutais) e desportivos (paciência com um time barato).
No entanto, a análise comparativa com Fortaleza e Cuiabá demonstra que é perfeitamente possível sair do abismo da Série C para o protagonismo nacional em um ciclo de 3 a 5 anos. O Paysandu possui o ativo mais difícil de construir: uma massa de milhões de apaixonados. Se a gestão Roger Aguilera (ou seus sucessores via SAF) tiver a coragem de implementar a profissionalização radical, a austeridade inteligente e a democratização institucional, o rebaixamento de 2025 será lembrado não como o fim, mas como o doloroso e necessário recomeço do Maior Campeão da Amazônia. A bola, agora, está com a gestão.
Referências citadas
- Jornalista Revela a Verdade Sobre a Gestão “Novos Rumos” no Paysandu. Confira I CENTRAL PAPÃO – YouTube, acessado em dezembro 12, 2025, https://www.youtube.com/watch?v=PMUjCznUoEI
- novos rumos no paysandu sport club: ascensão e declínio de um movimento (2013-2021), acessado em dezembro 12, 2025, https://www.researchgate.net/publication/361959127_NOVOS_RUMOS_NO_PAYSANDU_SPORT_CLUB_ASCENSAO_E_DECLINIO_DE_UM_MOVIMENTO_2013-2021
- De solução ao caos: os bastidores da Novos Rumos no Paysandu – DOL, acessado em dezembro 12, 2025, https://dol.com.br/esporte/esporte-para/681001/de-solucao-ao-caos-os-bastidores-da-novos-rumos-no-paysandu
- Torcedores do Paysandu apontam responsáveis pelo colapso na …, acessado em dezembro 12, 2025, https://www.oliberal.com/esportes/paysandu/torcedores-do-paysandu-desabafam-apos-rebaixamento-virtual-na-serie-b-2025-1.1040261
- Eleições no Paysandu: Uma disputa pra lá de acirrada! • DOL, acessado em dezembro 12, 2025, https://dol.com.br/esporte/esporte-para/noticia-538435-eleicoes-no-paysandu-uma-disputa-pra-la-de-acirrada.html
- Em clima de protesto, torcida do Paysandu leva faixas à Curuzu e exige mudanças na gestão – O Liberal, acessado em dezembro 12, 2025, https://www.oliberal.com/esportes/paysandu/em-clima-de-protesto-torcida-do-paysandu-leva-faixas-a-curuzu-e-exige-mudancas-na-gestao-1.1040852
- Clima tenso: Torcedores do Paysandu convocam protesto em meio à reunião do CONDEL, acessado em dezembro 12, 2025, https://papao.com.br/torcedores-do-paysandu-8/
- Nova comissão do Paysandu abre o jogo e revela planos para 2026; veja os detalhes, acessado em dezembro 12, 2025, https://papao.com.br/nova-comissao-do-paysandu/
- O Remo e os Salários de R$ 500 Mil. O Paysandu e o …, acessado em dezembro 12, 2025, https://oantagonico.net.br/o-remo-e-os-salarios-de-r-500-mil-o-paysandu-e-o-realinhamento-financeiro/
- A vergonha bicolor: Paysandu cai e assiste ao sucesso do rival Remo na temporada, acessado em dezembro 12, 2025, https://brasfutebol.com/a-vergonha-bicolor-paysandu-cai-e-assisti-ao-sucesso-do-rival-remo-na-temporada/
- Paysandu termina a Série B de 2024 com pontuação histórica – Portal Cultura, acessado em dezembro 12, 2025, https://www.portalcultura.com.br/pt-br/paysandu-termina-serie-b-de-2024-com-pontuacao-historica
- 5 erros na gestão empresarial que você deve evitar em sua empresa – ERP MicroUniverso, acessado em dezembro 12, 2025, https://microuniverso.com.br/erros-na-gestao-empresarial/
- Paysandu é rebaixado para a Série C após sofrer virada diante do Atlético-GO em Goiânia, acessado em dezembro 12, 2025, https://www.correiodopovo.com.br/esportes/paysandu-e-rebaixado-para-a-serie-c-apos-sofrer-virada-diante-do-atletico-go-em-goiania-1.1663999
- Os times da Série B do Brasileirão 2025 que caíram para a Série C 2026 | Goal.com Brasil, acessado em dezembro 12, 2025, https://www.goal.com/br/listas/times-serie-b-brasileirao-2025-cairam-serie-c-2026/blt9399c6074d9eec94
- Protesto marca presença a cada rodada no Paysandu – Diário do Pará, acessado em dezembro 12, 2025, https://diariodopara.com.br/bola/protesto-marca-presenca-a-cada-rodada-no-paysandu/
- Paysandu tenta emprestar goleiro e time da Série B possui interesse; saiba detalhes | Paysandu | O Liberal, acessado em dezembro 12, 2025, https://www.oliberal.com/esportes/paysandu/paysandu-tenta-emprestar-goleiro-e-time-da-serie-b-possui-interesse-saiba-detalhes-1.1060286
- Paysandu pode ter ‘rombo milionário' em caso de rebaixamento para a série C – Papão, acessado em dezembro 12, 2025, https://papao.com.br/paysandu-pode-ter-2/
- Paysandu vai ter ‘rombo milionário' com a queda para a Série C …, acessado em dezembro 12, 2025, https://papao.com.br/paysandu-vai-ter-rombo/
- Rebaixamento pode causar prejuízo de até R$ 9 milhões ao Paysandu em 2026 – O Liberal, acessado em dezembro 12, 2025, https://www.oliberal.com/esportes/paysandu/rebaixamento-pode-causar-prejuizo-de-ate-r-9-milhoes-ao-paysandu-em-2026-1.1036993
- Em dívida com clube português, Paysandu pode ser punido pela Fifa e ficar sem contratar, acessado em dezembro 12, 2025, https://www.oliberal.com/esportes/paysandu/em-divida-com-clube-portugues-paysandu-pode-ser-punido-pela-fifa-e-ficar-sem-contratar-1.968508
- Crise acelera debate sobre transformação do Paysandu em SAF …, acessado em dezembro 12, 2025, https://noticiadopara.com.br/crise-acelera-debate-sobre-transformacao-do-paysandu-em-saf/
- Após ano dramático, presidente quer que Paysandu se torne SAF: ‘modelo de gestão não dá mais certo' – O Liberal, acessado em dezembro 12, 2025, https://www.oliberal.com/esportes/paysandu/apos-ano-dramatico-presidente-quer-que-paysandu-se-torne-saf-modelo-de-gestao-nao-da-mais-certo-1.1038888
- Sem SAF! Roger Aguilera reafirma modelo associativo no Paysandu: “Ninguém vai…”, acessado em dezembro 12, 2025, https://papao.com.br/sem-saf-roger-aguilera/
- Marcelo Paz, CEO do Fortaleza, defende gestão profissionalizada do futebol brasileiro, acessado em dezembro 12, 2025, https://maquinadoesporte.com.br/maquinistas/marcelo-paz-ceo-do-fortaleza-defende-gestao-profissionalizada-do-futebol-brasileiro/
- Marcelo Paz abre o jogo após rebaixamento do Fortaleza: “Minha prioridade”, acessado em dezembro 12, 2025, https://soufortaleza.com/noticias-do-fortaleza/marcelo-paz-fortaleza-apos/
- Marcelo Paz pode deixar o Fortaleza após o rebaixamento? Veja posição do CEO – Alexandre Mota – Diário do Nordeste, acessado em dezembro 12, 2025, https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/opiniao/colunistas/alexandre-mota/marcelo-paz-pode-deixar-o-fortaleza-apos-o-rebaixamento-veja-posicao-do-ceo-1.3716448
- Poder do marketing: Fortaleza é o 6º clube com maior engajamento do mundo no Instagram – André Almeida – Diário do Nordeste, acessado em dezembro 12, 2025, https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/opiniao/colunistas/andre-almeida/poder-do-marketing-fortaleza-e-o-6-clube-com-maior-engajamento-do-mundo-no-instagram-1.3463271
- Marketing do Fortaleza ajuda a estabelecer novo patamar do clube – Jogada – Diário do Nordeste, acessado em dezembro 12, 2025, https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/jogada/marketing-do-fortaleza-ajuda-a-estabelecer-novo-patamar-do-clube-1.2191155
- Cuiabá aposta em atleta perfil “copo vazio” para turbinar negócios nas categorias de base, acessado em dezembro 12, 2025, https://maquinadoesporte.com.br/futebol/cuiaba-aposta-em-atleta-perfil-copo-vazio-para-turbinar-negocios-nas-categorias-de-base/
- Cuiabá reforça investimento na base e mira excelência na formação de atletas, acessado em dezembro 12, 2025, https://www.olharesportivo.com.br/cuiab%C3%A1-refor%C3%A7a-investimento-na-base-e-mira-excel%C3%AAncia-na-forma%C3%A7%C3%A3o-de-atletas
- Paysandu anuncia novo treinador após rebaixamento para Série C, acessado em dezembro 12, 2025, https://onefootball.com/en/news/paysandu-anuncia-novo-treinador-apos-rebaixamento-para-serie-c-41998723
- Júnior Rocha é o novo técnico bicolor – Paysandu, acessado em dezembro 12, 2025, https://www.paysandu.com.br/noticias/8438/junior-rocha-e-o-novo-tecnico-bicolor
- Paysandu anuncia novo olhar para a base e promete reestruturação profunda no futebol, acessado em dezembro 12, 2025, https://soupapao.com.br/paysandu-anuncia-novo-olhar-para-a-base/
- Nova comissão do Paysandu dá detalhes do planejamento para 2026; confira – O Liberal, acessado em dezembro 12, 2025, https://www.oliberal.com/esportes/paysandu/nova-comissao-do-paysandu-da-detalhes-do-planejamento-para-2026-confira-1.1050646
- Virada de chave: Paysandu inicia reconstrução e coloca base como prioridade – Papão, acessado em dezembro 12, 2025, https://papao.com.br/virada-de-chave-paysandu/
- Balanços – Paysandu, acessado em dezembro 12, 2025, https://www2.paysandu.com.br/transparencia/balancos.php


