1. Sivuca: O Mestre Universal (Ao centro, de barba branca)
Sivuca (Severino Dias de Oliveira) foi, talvez, o músico nordestino mais erudito e internacional.
A Carreira: Ele transcendeu o forró. Sivuca levou a sanfona para o jazz, a música clássica e o pop internacional. Morou em Nova York e Paris, trabalhou com Harry Belafonte e Miriam Makeba. Ele é o responsável por mostrar ao mundo que a sanfona nordestina poderia tocar bossa nova e arranjos orquestrais complexos.
Estilo: Sofisticado, arranjador brilhante. Músicas como “Feira de Mangaio” mostram essa mistura de raízes profundas com harmonia complexa.
2. Dominguinhos: O Herdeiro Natural (À esquerda, de cabelo cacheado)
José Domingos de Morais, o Dominguinhos, foi o discípulo direto.
A Carreira: Começou a tocar com Gonzaga ainda criança (foi Gonzaga quem o “batizou” artisticamente). Dominguinhos pegou o baião cru de Gonzaga e adicionou uma camada de sensibilidade, melodias românticas e harmonias de jazz/bossa nova, mas sem nunca perder o sotaque do sertão.
Estilo: Melódico, sentimental e improvisador nato. Compositor de hinos como “Eu Só Quero um Xodó” e “De Volta pro Aconchego”. Ele foi a ponte perfeita entre a tradição de Gonzaga e a MPB de Gilberto Gil e Gal Costa.
3. Oswaldinho do Acordeon: O Virtuoso Moderno (À direita)
Filho de Pedro Sertanejo (pioneiro do forró em SP), Oswaldinho foi um revolucionário da técnica.
A Carreira: Ele cresceu dentro do forró, mas sua curiosidade o levou para o rock e a música clássica. Oswaldinho era conhecido pela velocidade impressionante e pela capacidade de fundir o forró com estilos inesperados, chegando a tocar “A Quinta Sinfonia de Beethoven” em ritmo de baião.
Estilo: Técnico, veloz e fusionista. Ele modernizou a linguagem do instrumento, sendo um dos primeiros a usar sanfonas digitais e experimentar com distorções, influenciando o forró universitário e instrumental.
Vídeo gerado com IA
A Influência de Luiz Gonzaga (O Rei do Baião)
Luiz Gonzaga não foi apenas uma influência musical para esses três; ele foi o criador do universo onde eles habitaram.
Paternidade Musical:
Para Dominguinhos, Gonzaga foi literalmente um segundo pai e mentor. Gonzaga passou a coroa para ele em vida.
Para Sivuca e Oswaldinho, Gonzaga foi a fundação. Não existiria a liberdade de “jazzificar” o forró (Sivuca) ou “rockear” o forró (Oswaldinho) se Gonzaga não tivesse estabelecido a base rítmica do Baião, Xote e Xaxado.
Identidade Nordestina: Gonzaga vestiu o chapéu de couro e deu orgulho ao povo nordestino. Ele transformou a sanfona, que era um instrumento folclórico europeu, na voz do Nordeste brasileiro. Os três músicos da foto puderam ter carreiras brilhantes porque Gonzaga abriu as portas do rádio e da televisão no sul do país décadas antes.
A Reverência: Na imagem que geramos, vê-los olhando para Gonzaga é a metáfora perfeita. Mesmo sendo gênios absolutos e tendo voado muito alto (alguns até internacionalmente), eles nunca deixaram de olhar para a “nascente” do rio, que foi o Velho Lua.

