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A Geopolítica das ONGs na Amazônia – Uma Radiografia das Organizações da Sociedade Civil e os Fluxos de Financiamento Federal

Égua, Mano! Olha o Babado Completo sobre as ONGs na Nossa Amazônia!

Pai d'égua essa conversa que a gente vai ter agora, viu? Se tu achas que a Amazônia é só mato e rio, tu tá é leso. O negócio aqui é uma mistura de geopolítica com o trabalho das ONGs que é maceta de grande. No vácuo que o governo deixa naquelas áreas bem ali , onde o vento faz a curva, as Organizações da Sociedade Civil (as famosas ONGs) emergiram como as principais prestadoras de serviços e executoras de políticas públicas.

Mas nem tudo é só o filé. Tem muita potoca e falta de transparência no meio, e o pessoal de Brasília tá ficando invocado com esse lero-lero. Bora espiar esse artigo completo no “amazonês” pra tu não ficar de boca mole.


O Dimensionamento das Organizações: Quantas ONGs tem por aqui?

Saber quantas ONGs tem na nossa floresta é mais difícil que achar agulha no palheiro ou pescar em dia panema. As estatísticas são um verdadeiro emaranhado:

  • O Ipea (Mapa das OSCs) diz que tem aproximadamente 116.500 organizações na Amazônia Legal em 2023, olhando quem tem CNPJ ativo.

  • O Index Zoé já conta 77.589 em 2024, focando em quem cuida do social e do ambiente.

  • Já o IBGE é mais pão duro e só conta 15.919 (dados de 2016), porque só olha quem tem vínculo formal de emprego.

Ixi, mana! A diferença é discunforme! Em Manaus, a concentração é de apenas 2,5 ONGs por mil habitantes, enquanto lá pro Sul o povo é cheio de pavulagem com 9 organizações por grupo. Isso mostra que o crescimento aqui não é por causa de cidade grande, mas pela demanda no meio do mato e dos rios.

O Dinheiro que Corre no Rio: Repasses e o Fundo Amazônia

Pra sustentar essa galera, precisa de muito pudê de dinheiro. Em 2023, o governo federal passou uns R$ 9,6 bilhões pras ONGs no Brasil. No Amazonas, entre janeiro e novembro de 2024, o governo federal transferiu R$ 16,9 bilhões para o estado e municípios, mas a maior parte é repasse constitucional e Bolsa Família.

Mas o bicho mesmo é o Fundo Amazônia:

  • Depois de ficar um tempo no prego, o fundo voltou com tudo e aprovou R$ 932 milhões em 2024.

  • As ONGs são quem mais manjam de pegar esse recurso: elas ficam com 48% do valor (cerca de R$ 1,4 bilhão no histórico).

  • Os nossos parentes indígenas só pegaram menos de 2% desse bolo, porque o BNDES pede tanta burocracia que o caboco se enrola todo.


A Vigilância tá de Mutuca: Transparência e CPI

Olha já! O Ministro Flávio Dino e a CGU tão de olho na mizura de algumas entidades. Em janeiro de 2025, um relatório mostrou que:

  • Metade das 26 ONGs analisadas (13 organizações) não mostra pra onde vai o dinheiro das emendas parlamentares.

  • 35% apresentam dados incompletos ou velhos.

  • Apenas 15% atendem aos critérios de clareza exigidos.

O resultado? Levou o farelo! O repasse foi suspenso pra essas 13 entidades até elas deixarem de ser enxeridas e mostrarem as contas. Teve até aquela CPI das ONGs no Senado que disse que as grandes organizações ambientalistas são muito ligadas a dinheiro de estrangeiro e pagam salários de mais de R$ 30 mil. Te mete!.

Saúde, Meio Ambiente e a Bioeconomia

As ONGs não tão aqui só pra perambular. Elas fazem um trabalho firme na saúde, onde o governo não chega, como a ONG Zoé e o ISA. No Amazonas, o programa Mais Médicos tem 957 profissionais, e muitos dependem da logística das ONGs pra chegar nos distritos indígenas.

No combate ao desmatamento, o Fundo Amazônia destina 42% do recurso para monitoramento e controle. E a novidade é a bioeconomia: projetos como o “Amazônia na Escola” (R$ 332 milhões) querem garantir que o açaí e a castanha do caboco tenham mercado garantido. É o “Arco da Restauração” pra ninguém precisar ficar brocado de fome.


Implicações Geopolíticas e a COP30

Com a COP30 chegando em Belém em 2025, o mundo todo vai ficar de mutuca na gente. Países como Noruega e Alemanha continuam sendo os maiores doadores, mas agora Japão e EUA também entraram no circuito. O desafio é garantir que essa ajuda internacional não vire uma “internacionalização” da nossa mata, como alguns políticos reclamam.

Conclusão do Gestor do Ver-o-Peso: O negócio é que as ONGs são o braço do Estado no meio da selva, mas o governo agora quer que elas parem de migué e mostrem cada centavo. Se a gestão for pai d'égua, a floresta fica em pé. Se for meia tigela, o bicho vai pegar!.

Geopolítica e Governança do Terceiro Setor na Amazônia Legal: Dimensionamento, Fluxos Financeiros e Integridade Institucional

A Amazônia Legal, um território de aproximadamente 5,1 milhões de quilômetros quadrados que abrange nove estados brasileiros e representa cerca de 60% da superfície do país, consolidou-se como um epicentro de disputas políticas, ambientais e econômicas.1 No vácuo histórico de presença estatal em áreas remotas, as Organizações da Sociedade Civil (OSCs), conhecidas no léxico popular como Organizações Não Governamentais (ONGs), emergiram não apenas como prestadoras de serviços básicos, mas como agentes fundamentais na execução de políticas públicas transversais. A compreensão da magnitude desse setor exige uma análise que transcenda a simples contagem de registros jurídicos, adentrando nos mecanismos de financiamento federal, na complexidade das parcerias público-privadas e nos desafios de transparência que pautam a agenda institucional contemporânea. A interação entre o governo federal e as ONGs na Amazônia é marcada por uma dualidade: por um lado, a dependência técnica e operacional da União em relação a essas entidades para atingir metas de preservação e assistência social; por outro, uma crescente pressão por controle fiscal e integridade, materializada em auditorias rigorosas e intervenções do Poder Judiciário.

O Dimensionamento Estatístico das Organizações na Amazônia Legal

A tarefa de quantificar com precisão o número de ONGs em operação na Amazônia Legal esbarra em divergências metodológicas fundamentais entre as principais instituições de pesquisa e estatística do Brasil. Os dados variam conforme a definição de “organização ativa”, a base de dados utilizada e o recorte geográfico aplicado. Enquanto o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foca em fundações e associações com vínculos formais de emprego, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), através do Mapa das OSCs, utiliza o universo de CNPJs ativos junto à Receita Federal, proporcionando uma visão mais ampla, porém mais complexa, da densidade do setor.2

Metodologias e Divergências de Contagem

De acordo com o levantamento mais recente do Mapa das OSCs, o Brasil registrou 897.054 organizações da sociedade civil ativas em 2024, representando um crescimento de 2% em relação ao ano anterior.5 Embora a maior concentração de organizações esteja no Sudeste (42%), a região Norte, que compõe o núcleo da Amazônia Legal, apresentou um dos maiores crescimentos percentuais do país, atingindo uma expansão de 9,9% no ciclo 2021-2023.5 Para o recorte específico da Amazônia Legal — que engloba Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins — as estimativas flutuam significativamente:

Instituição / FonteEstimativa de ONGs/OSCs na Amazônia LegalAno de ReferênciaCritério Principal
Ipea (Mapa das OSCs)Aproximadamente 116.5002023 3CNPJs ativos e diversidade de registros.
Index Zoé77.5892024 3Foco em causas sociais e ambientais.
IBGE (FASFIL)15.9192016 3Fundações e associações com vínculos.

A disparidade entre os números evidencia a complexidade de definir o que constitui uma ONG atuante. Muitas entidades registradas como associações privadas (que compõem 79% do setor nacional) podem ter existências sazonais ou vinculadas a projetos específicos.5 Além disso, a presença de organizações religiosas é massiva, representando cerca de 30% das OSCs brasileiras e desempenhando um papel crucial na capilaridade de serviços em regiões onde a infraestrutura governamental é inexistente.5

Densidade por Habitante e Dispersão Geográfica

Um dado revelador sobre a presença do terceiro setor na região é a taxa de organizações por mil habitantes. Em Manaus, capital do Amazonas, a concentração é de apenas 2,5 OSCs por mil habitantes, um dos menores índices entre as capitais brasileiras, contrastando com centros urbanos do Sul do país, como Florianópolis, que apresenta nove organizações para o mesmo grupo populacional.7 Essa baixa densidade relativa nas capitais amazônicas sugere que o crescimento das ONGs na região não está necessariamente atrelado à urbanização, mas sim à demanda por projetos específicos em áreas rurais e de floresta. A desconcentração dessas entidades é um desafio para a aplicação da Lei nº 13.019/2014 (MROSC), que exige regulamentação e fiscalização em municípios com baixa capacidade administrativa.7

A distribuição estadual das OSCs na região Norte e nos estados adjacentes reflete prioridades locais. No último ciclo de dados, as finalidades de atuação com maior incremento foram as de “Saúde” (145,6%) e “Associações Patronais e Profissionais” (30,8%).6 Esse aumento na área da saúde é sintomático de uma tendência de transferência de responsabilidade operacional do SUS para organizações sociais e fundações de apoio, especialmente em distritos sanitários indígenas e comunidades ribeirinhas.8

Mecanismos de Financiamento e Repasses do Governo Federal

A sustentabilidade financeira das ONGs na Amazônia Legal depende de um fluxo complexo de recursos, onde o governo federal atua como o principal indutor de políticas de larga escala. As transferências são processadas através de convênios, termos de parceria, contratos de repasse e, cada vez mais, emendas parlamentares. Em 2023, as transferências federais para o terceiro setor em âmbito nacional somaram R$ 9,6 bilhões, um valor que, embora em recuperação, ainda está distante do pico de R$ 18 bilhões registrado em 2012 (em valores corrigidos pela inflação).5

Volume de Recursos e Valor Médio por Organização

A análise dos repasses revela uma concentração de recursos em organizações altamente profissionalizadas. Enquanto milhares de associações operam sem qualquer recurso federal, as que conseguem acessar o orçamento da União recebem valores significativos. Em 2023, o valor médio empenhado por OSC receptora foi de aproximadamente R$ 2,68 milhões.5 Esse patamar é inferior ao recorde de 2021 (R$ 3,76 milhões), mas indica que o governo federal prioriza parcerias estruturantes em vez de microprojetos pulverizados.5

AnoTotal Nacional Transferido para OSCs (R$ bi)Valor Médio por OSC (R$ mi)
201218,0 (ajustado) 5Dado não especificado
20156,8 (ajustado) 5Dado não especificado
2021Dado não especificado3,76 5
20239,6 52,68 5

Para o estado do Amazonas, por exemplo, o governo federal transferiu, entre janeiro e novembro de 2024, um total de R$ 16,9 bilhões para o governo estadual e seus municípios.10 Embora a maior parte desse montante seja destinada a repasses constitucionais (como FPE e FPM) e programas de transferência direta de renda para cidadãos (R$ 12,9 bilhões em Bolsa Família e benefícios previdenciários), uma parcela substantiva é canalizada para projetos executados por ONGs nas áreas de saúde bucal (Brasil Sorridente), atendimento médico (Mais Médicos) e infraestrutura rural (Luz para Todos).10

O Fundo Amazônia como Vetor de Investimento

Gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), o Fundo Amazônia é o instrumento financeiro mais emblemático para a região. Após um período de paralisação entre 2019 e 2022, o fundo retomou suas atividades com recordes de aprovação. Em 2024, o fundo aprovou R$ 932 milhões para novos projetos, um crescimento de quatro vezes em relação aos desembolsos de 2023.11

Ao longo de seus 17 anos de existência, o Fundo Amazônia acumulou investimentos totais de R$ 2,99 bilhões em 119 projetos contratados, dos quais R$ 1,76 bilhão já foi efetivamente desembolsado.11 A análise da distribuição desses recursos por tipo de proponente revela o protagonismo das ONGs:

Tipo de OrganizaçãoProporção do Valor do Fundo AmazôniaNúmero de Projetos (Total 119)
Terceiro Setor (ONGs)48% (R$ 1,4 bilhão) 1370 13
Setor Público (Estados/União)51% (Agregado) 11Dado não especificado
Associações IndígenasMenos de 2% (R$ 56,7 mi) 134 13
Setor Internacional48% (Histórico direto) 11Dado não especificado

A predominância das ONGs no acesso ao Fundo Amazônia é explicada pela agilidade operacional e pela especialização técnica dessas entidades em comparação com as prefeituras da região. Entretanto, a baixa participação de associações indígenas (apenas 3% dos projetos aprovados em 17 anos) é um ponto de crítica recorrente, atribuído à complexidade burocrática exigida pelo BNDES, que muitas vezes exclui organizações comunitárias de base por falta de estrutura administrativa robusta.13

Desafios de Transparência e Integridade na Gestão de Recursos

O volume expressivo de recursos destinados à Amazônia atraiu o olhar rigoroso dos órgãos de controle. O cenário atual é de uma crise de transparência que resultou em intervenções do Supremo Tribunal Federal (STF) e auditorias massivas da Controladoria-Geral da União (CGU). O foco central dessa tensão são as emendas parlamentares, muitas vezes destinadas a ONGs sem os critérios técnicos exigidos pelos convênios tradicionais.

Relatórios da CGU e Suspensão de Repasses

Em janeiro de 2025, a CGU entregou ao STF um relatório técnico que analisou 26 das ONGs que mais receberam recursos de emendas parlamentares no último ciclo.14 Os resultados foram alarmantes para a governança do setor: metade das entidades (13 organizações) não apresentava mecanismos adequados de transparência, ocultando informações básicas sobre como o dinheiro público estava sendo aplicado.14

As deficiências apontadas pela CGU incluem:

  • Ausência de Transparência Ativa: 50% das entidades não divulgam dados sobre execução financeira em seus sítios eletrônicos.14
  • Informações Incompletas: 35% das ONGs apresentam dados desatualizados ou de apenas uma parte das emendas recebidas.14
  • Critérios de Qualidade: Apenas 15% das organizações avaliadas atendem aos critérios de acessibilidade, clareza e detalhamento exigidos pelo marco legal.15

Em resposta, o ministro Flávio Dino determinou a suspensão imediata de repasses para as 13 entidades consideradas não transparentes e exigiu a inscrição das mesmas em cadastros restritivos, como o CEPIM (Entidades Privadas Sem Fins Lucrativos Impedidas).15 Essa decisão marca um precedente de “tolerância zero” com a opacidade no terceiro setor, impactando diretamente projetos em curso na Amazônia Legal que dependiam dessas verbas.

Auditorias Históricas e a CPI das ONGs

O Tribunal de Contas da União (TCU) também tem um histórico de fiscalização que aponta falhas recorrentes. Auditorias realizadas em convênios de saúde indígena e capacitação profissional identificaram irregularidades como a ausência de licitações para aquisição de bens com verba pública, notas fiscais emitidas fora do prazo de validade e ineficiência dos ministérios repassadores em fiscalizar a execução física dos projetos.16

Paralelamente, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das ONGs, conduzida pelo Senado Federal e encerrada em 2024, explorou a dimensão política e geopolítica dessas entidades.17 O relatório final da CPI, relatado pelo senador Márcio Bittar, destacou o que chamou de “subordinação” de grandes ONGs ambientalistas a interesses estrangeiros, uma vez que a maior parte de seu financiamento provém de fundos internacionais privados e públicos.18 O depoimento de ex-ministros à comissão sugeriu que pesquisadores de certas ONGs recebiam salários superiores a R$ 30 mil mensais — valores comparáveis aos de ministros de Estado — o que levantou debates sobre a real finalidade filantrópica e os custos administrativos elevados do setor.18

Apesar dessas críticas, o TCU ressaltou que, no escopo específico do Fundo Amazônia, a gestão operacional tem sido considerada satisfatória em termos gerais, com indícios de irregularidades sendo tratados como falhas pontuais que não comprometem o atingimento dos objetivos climáticos do país.19

Análise Setorial: Saúde, Meio Ambiente e Bioeconomia

A atuação das ONGs na Amazônia é multidimensional, mas três áreas se destacam pelo volume de recursos federais e pelo impacto direto nas populações locais: a saúde indígena, o combate ao desmatamento e o fomento à bioeconomia.

A Saúde como Campo de Parceria Público-Privada

A área da saúde coletiva na Amazônia é um exemplo de “terceirização por necessidade”. Devido às dificuldades logísticas de manter servidores públicos em áreas remotas, o Ministério da Saúde delega a execução de serviços a organizações como a ONG Zoé, que foca no acesso à saúde para ribeirinhos, e o Instituto Socioambiental (ISA), que possui um dos maiores quadros de voluntários e profissionais na região.8

O Quadro de Ações do Ministério da Saúde para a Amazônia Legal é estruturado em macroeixos que incluem a ciência e tecnologia, a saúde indígena e a atenção básica.21 No Amazonas, o programa Mais Médicos conta com 957 profissionais, sendo que 119 atuam exclusivamente em distritos indígenas, muitas vezes apoiados pela infraestrutura logística de ONGs parceiras que gerenciam barcos-hospital e postos de atendimento.10 A emancipação dos municípios e a descentralização de recursos têm permitido que prefeituras locais contratem essas entidades para preencher lacunas de especialidades odontológicas e cirúrgicas.9

Combate ao Desmatamento e Monitoramento

O Fundo Amazônia destina a maior parcela de seus recursos para o eixo de “Monitoramento e Controle”, que em 2024 representou 42% dos valores apoiados (R$ 1,24 bilhão).11 Esse montante financia tanto órgãos governamentais (como o INPE, para o projeto PRODES de monitoramento via satélite) quanto ONGs de pesquisa, como o Imazon, que desenvolve sistemas independentes de alerta de desmatamento.22

A distribuição dos valores apoiados pelo fundo por estado reflete a gravidade do problema ambiental. Acre, Amazonas, Mato Grosso e Pará, que juntos detêm 77% da área da região, recebem 69% dos recursos do fundo.24 Esses recursos são aplicados em:

  • Gestão de Áreas Protegidas: Apoio a 192 unidades de conservação e 122 terras indígenas.25
  • Regularização Ambiental: R$ 150 milhões destinados recentemente para fortalecer o Cadastro Ambiental Rural (CAR) em 48 municípios críticos.26
  • Fiscalização: Financiamento de missões do Ibama, Polícia Federal e órgãos estaduais de meio ambiente.12

O Surgimento da Bioeconomia e Inovação

A transição de uma economia baseada no desmatamento para o que se chama de “Arco da Restauração” é a nova fronteira de financiamento para as ONGs.11 O projeto “Amazônia na Escola”, com investimento de R$ 332 milhões, é um exemplo de como o governo federal utiliza o terceiro setor para organizar cadeias produtivas de agricultores familiares, garantindo que produtos da floresta (como açaí, castanha e óleos essenciais) tenham mercado garantido via compras governamentais para merenda escolar.11

Além disso, o programa “Florestas e Comunidades: Amazônia Viva” destinou R$ 96,5 milhões para fortalecer comunidades tradicionais no acesso a mercados de alimentos nutricionalmente importantes.29 Essas iniciativas são vistas como fundamentais para reduzir a dependência econômica das populações locais em relação a atividades ilegais de garimpo e retirada de madeira, criando um ciclo virtuoso onde a preservação da biodiversidade gera emprego e renda.29

Implicações Geopolíticas e a Agenda da COP30

A proximidade da 30ª Conferência das Partes (COP30), que será realizada em Belém em 2025, transformou a gestão das ONGs na Amazônia em uma vitrine de política externa. A Controladoria-Geral da União lançou uma página especial no Portal da Transparência para monitorar os repasses e obras estruturantes da conferência, buscando garantir que a “linguagem cidadã” alcance os doadores internacionais.30

Doações Internacionais e o Papel dos Países Ricos

O financiamento climático é o fluxo que transforma as promessas das COPs em ações concretas. Países como Noruega e Alemanha continuam sendo os principais doadores do Fundo Amazônia (76,5% e 8,6% do histórico, respectivamente), mas novos atores como o Reino Unido, Estados Unidos, Japão e Suíça formalizaram contribuições significativas em 2024.11 O anúncio recente de uma contribuição alemã de 35 milhões de euros após a retomada do fundo reforça a confiança internacional na governança brasileira, apesar das críticas internas da CPI.14

Esse fluxo de capital estrangeiro via ONGs é um tema sensível de soberania nacional. Enquanto o governo federal defende que as parcerias são essenciais para cumprir as metas do Acordo de Paris e o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), setores do Parlamento expressam preocupação com a “internacionalização” da Amazônia através do financiamento de entidades privadas com agendas próprias.18

Cidadania Digital e Novas Fronteiras

Uma dimensão frequentemente ignorada, mas com crescente financiamento federal, é a integração digital da Amazônia. O Ministério da Gestão e da Inovação assinou o Acordo de Cooperação Técnica nº 23/2025 com a Rede Conexão Povos da Floresta, visando levar conectividade para áreas protegidas.33 O objetivo é garantir que a transformação digital do governo brasileiro não deixe “ninguém para trás”, permitindo que ribeirinhos e indígenas acessem serviços públicos digitais sem precisar se deslocar por dias até os centros urbanos.33 Essa infraestrutura tecnológica, muitas vezes instalada e gerida por ONGs locais, é o novo alicerce para a governança de dados e a segurança ambiental na região.

Conclusões sobre a Dinâmica Estado-Terceiro Setor

A pesquisa sobre o número de ONGs na Amazônia e o volume de recursos federais que as sustentam revela um ecossistema de alta complexidade e interdependência. Estima-se a existência de aproximadamente 116.500 OSCs na Amazônia Legal, das quais cerca de 77.000 focam em causas sociais e ambientais.3 Esse contingente não é um bloco homogêneo; ele varia de pequenas associações comunitárias que lutam para acessar microverbas a grandes institutos de pesquisa que gerem centenas de milhões de reais em parcerias internacionais e federais.2

O financiamento federal, embora vital, está sob um novo paradigma de integridade. A suspensão de repasses para ONGs não transparentes pelo STF e a criação de guias de transparência ativa pela CGU em 2025 sinalizam que o governo federal busca profissionalizar o setor e afastar as suspeitas de mau uso do dinheiro público através de emendas parlamentares.15 O recorde de aprovações do Fundo Amazônia em 2024 (R$ 932 milhões) e a perspectiva de novos investimentos para a COP30 indicam que o terceiro setor continuará sendo o braço operacional do Estado na floresta, desde que consiga conciliar a agilidade da iniciativa privada com o rigor da prestação de contas pública.11

A análise final sugere que a eficácia da política ambiental e social brasileira na Amazônia depende menos da quantidade de ONGs e mais da qualidade de sua governança. A inclusão efetiva de organizações indígenas na gestão direta de fundos, a redução dos custos administrativos apontados pelos órgãos de controle e a manutenção da transparência ativa são os pilares que determinarão se o atual modelo de parcerias será capaz de reverter o desmatamento e promover uma bioeconomia sustentável no longo prazo. O “Arco da Restauração” é, portanto, não apenas um projeto ambiental, mas um teste de maturidade para a democracia e a administração pública brasileira em seu território mais estratégico.

Referências citadas

  1. Amazônia Legal em Dados, acessado em dezembro 27, 2025, https://amazonialegalemdados.info/
  2. Base de Dados – Mapa das OSC, acessado em dezembro 27, 2025, https://mapaosc.ipea.gov.br/base-dados
  3. Quantas ONGs Existem na Amazônia? Um Guia Completo e Atualizado em 2024 | ONG Zoé, acessado em dezembro 27, 2025, https://ongzoe.org/quantas-ongs-na-amazonia/
  4. Brasil tem 879.326 organizações ativas até 2023 – Mapa das OSC, acessado em dezembro 27, 2025, https://mapaosc.ipea.gov.br/post/186/mapa-brasil-tem-879.326-organizacoes-ativas-ate-2023
  5. Brasil possui mais de 897 mil organizações da sociedade civil ativas – Ipea, acessado em dezembro 27, 2025, https://www.ipea.gov.br/portal/categorias/45-todas-as-noticias/noticias/15591-brasil-possui-mais-de-897-mil-organizacoes-da-sociedade-civil-ativas
  6. Atualização da base de dados: resultados por região – Mapa das OSC – – Ipea, acessado em dezembro 27, 2025, https://mapaosc.ipea.gov.br/post/187/atualizacao-da-base-de-dados-resultados-por-regiao
  7. PERFIL DAS ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL NO BRASIL – Ipea, acessado em dezembro 27, 2025, https://portalantigo.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/livros/livros/180607_livro_perfil_das_organizacoes_da_sociedade_civil_no_brasil.pdf
  8. Organizações não governamentais na região da Amazônia legal brasileira: o caso da saúde – Pepsic, acessado em dezembro 27, 2025, https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-549X2009000100010
  9. SUS na Floresta: – Fundação Amazônia Sustentável (FAS), acessado em dezembro 27, 2025, https://fas-amazonia.org/wp-content/uploads/2022/12/psf-resumo-executivo-sus-na-floresta_compressed.pdf
  10. Entre transferências ao estado, aos municípios e cidadãos, o Amazonas recebeu mais de R$ 29,9 bilhões do Governo Federal – Portal Gov.br, acessado em dezembro 27, 2025, https://www.gov.br/secom/pt-br/assuntos/noticias-regionalizadas/balanco-2024/estados/entre-transferencias-ao-estado-aos-municipios-e-cidadaos-o-amazonas-recebeu-mais-de-r-29-9-bilhoes-do-governo-federal
  11. RELATÓRIO DE ATIVIDADES 2024 – Fundo Amazônia, acessado em dezembro 27, 2025, https://www.fundoamazonia.gov.br/export/sites/default/pt/.galleries/documentos/rafa/RAFA_2024_port.pdf
  12. Com R$ 1,3 bi, Fundo Amazônia tem recorde histórico de aprovações em 2023, acessado em dezembro 27, 2025, https://www.gov.br/mma/pt-br/com-r-s-1-3-bilhao-para-projetos-e-chamadas-publicas-fundo-amazonia-tem-recorde-historico-em-2023
  13. Fundo Amazônia: só 3% dos projetos são destinados a indígenas – InfoAmazonia, acessado em dezembro 27, 2025, https://infoamazonia.org/2025/01/31/apenas-3-do-fundo-amazonia-sao-destinados-a-organizacoes-indigenas/
  14. Emendas: CGU analisa 26 ONGs que receberam recursos e aponta …, acessado em dezembro 27, 2025, https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/01/02/emendas-cgu-analisa-26-ongs-que-receberam-recursos-e-aponta-que-metade-nao-tem-transparencia-adequada.ghtml
  15. STF suspende repasses a ONGs sem transparência na aplicação de emendas parlamentares, acessado em dezembro 27, 2025, https://noticias.stf.jus.br/postsnoticias/stf-suspende-repasses-a-ongs-sem-transparencia-na-aplicacao-de-emendas-parlamentares/
  16. Especial ONGs 3 – TCU investiga repasse de recursos públicos para entidades – ( 03′ 33″ ), acessado em dezembro 27, 2025, https://www.camara.leg.br/radio/programas/281051-especial-ongs-3-tcu-investiga-repasse-de-recursos-publicos-para-entidades-03-33/
  17. Relatório final : CPI das ONGs na Amazônia – Senado, acessado em dezembro 27, 2025, https://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/650835
  18. RELATÓRIO FINAL – Poder360, acessado em dezembro 27, 2025, https://static.poder360.com.br/2023/12/relatorio-final-cpi-ongs-5-dez-2023.pdf
  19. Acórdão 295/2024-TCU-Plenário – Pesquisa Integrada, acessado em dezembro 27, 2025, https://pesquisa.apps.tcu.gov.br/doc/acordao-completo/295/2024/Plen%C3%A1rio
  20. As 10 principais ONGs que lutam pela Floresta Amazônia – ONG Zoé, acessado em dezembro 27, 2025, https://ongzoe.org/as-10-principais-ongs-que-lutam-pela-amazonia/
  21. Saude amazônia.indd – Biblioteca Virtual em Saúde, acessado em dezembro 27, 2025, https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_amazonia.pdf
  22. Estimativa de desmatamento por corte raso na Amazônia Legal para 2021 é de 13.235 km2 – Portal Gov.br, acessado em dezembro 27, 2025, https://www.gov.br/inpe/pt-br/assuntos/ultimas-noticias/divulgacao-de-dados-prodes.pdf
  23. Transparência de Órgãos Fundiários Estaduais na Amazônia Legal, acessado em dezembro 27, 2025, https://www.fundoamazonia.gov.br/pt/.galleries/documentos/acervo-projetos-cartilhas-outros/Imazon-II-TrasnpFundiaria-Livro.pdf
  24. RELATÓRIO DE ATIVIDADES 2023 – Fundo Amazônia, acessado em dezembro 27, 2025, https://www.fundoamazonia.gov.br/pt/.galleries/documentos/rafa/RAFA_2023_port.pdf
  25. Fundo Amazônia em números, acessado em dezembro 27, 2025, https://www.fundoamazonia.gov.br/pt/monitoramento-e-avaliacao/fundo-amazonia-em-numeros/
  26. Governo federal fortalece ações de regularização ambiental e fundiária com apoio de R$ 150 milhões do Fundo Amazônia, acessado em dezembro 27, 2025, https://www.gov.br/mma/pt-br/noticias/governo-federal-fortalece-acoes-de-regularizacao-ambiental-e-fundiaria-com-apoio-de-r-150-milhoes-do-fundo-amazonia
  27. Conheça algumas ações do Governo Federal para cuidar da Amazônia – Portal Gov.br, acessado em dezembro 27, 2025, https://www.gov.br/casacivil/pt-br/assuntos/noticias/2020/novembro/conheca-algumas-as-acoes-do-governo-federal-para-cuidar-da-amazonia
  28. Com mais de R$ 1 bilhão em aprovações, Fundo Amazônia registra melhor semestre do histórico, acessado em dezembro 27, 2025, https://www.gov.br/mma/pt-br/noticias/com-mais-de-r-1-bilhao-em-aprovacoes-fundo-amazonia-registra-melhor-semestre-do-historico
  29. Fundo Amazônia destina R$ 96,5 milhões para ampliar acesso dos povos da floresta a mercados, acessado em dezembro 27, 2025, https://www.gov.br/mma/pt-br/noticias/fundo-amazonia-destina-r-96-5-milhoes-para-ampliar-acesso-dos-povos-da-floresta-a-mercados
  30. Transparência em foco: CGU reforça integridade e controle social rumo à COP 30, acessado em dezembro 27, 2025, https://www.gov.br/cgu/pt-br/assuntos/noticias/2025/11/transparencia-em-foco-cgu-reforca-integridade-e-controle-social-rumo-a-cop-30
  31. Relatório de Atividades do Fundo Amazônia 2024 – BNDES, acessado em dezembro 27, 2025, https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/conhecimento/publicacoes/relatorios/relatorio-de-atividades-do-fundo-amazonia-2024
  32. Da COP à floresta: como o dinheiro de fundos climáticos é aplicado em projetos na Amazônia – InfoAmazonia, acessado em dezembro 27, 2025, https://infoamazonia.org/2025/11/07/da-cop-a-floresta-como-o-dinheiro-de-fundos-climaticos-e-aplicado-em-projetos-na-amazonia/
  33. Gestão assina acordo para melhorar o acesso à cidadania digital na Amazônia Legal, acessado em dezembro 27, 2025, https://www.gov.br/gestao/pt-br/assuntos/noticias/2025/dezembro/gestao-assina-acordo-para-melhorar-o-acesso-a-cidadania-digital-na-amazonia-legal
  34. Controladoria-Geral da União cria Guia de Transparência Ativa para orientar as Fundações de Apoio na aplicação dos recursos de emendas parlamentares – Portal Gov.br, acessado em dezembro 27, 2025, https://www.gov.br/cgu/pt-br/assuntos/noticias/2025/02/controladoria-geral-da-uniao-cria-guia-de-transparencia-ativa-para-orientar-as-fundacoes-de-apoio-na-aplicacao-dos-recursos-de-emendas-parlamentares