A questão central que motiva este relatório — “Se os robôs substituírem os humanos e não houver salários, como as empresas venderão?” — identifica com precisão cirúrgica a contradição fundamental que paira sobre a economia global no século XXI. Este fenómeno, amplamente debatido por teóricos e economistas contemporâneos, é conhecido como o Paradoxo da Automação. Na sua essência, o paradoxo descreve uma trajetória onde a busca racional de cada empresa individual pela maximização do lucro através da redução de custos laborais conduz, no agregado, a um colapso sistémico da procura necessária para realizar esses mesmos lucros.
Como sempre criamos dois artigos abaixo um na linguagem Amazonês e Português do Brasil
Égua, mano! Os Robôs vão trabalhar e a gente vai viver de quê? Entenda esse banzeiro na economia
Fala, parente! Tu tá aí de bubuia , só no remanso, mas precisa ficar ligado no que tá vindo por aí. O papo agora é sério, mas vamos desenrolar no nosso linguajar pra ninguém ficar leso .
Recebi um texto cabeça sobre como vai ser a vida quando as máquinas (essas inteligências artificiais invocadas) resolverem fazer todo o nosso trabalho. A pergunta que não quer calar é: “Se o robô fizer tudo e não tiver mais salário, quem é que vai ter grana pra comprar as coisas?”. Vem conferir essa visagem econômica.
1. O B.O. da Automação: O Robô trabalha e a gente fica liso?
Mano, o negócio é o seguinte: as empresas querem lucrar, certo? Aí elas pensam: “Vou botar um robô aqui que não pede aumento, não almoça e não reclama”. É a tal da eficiência. Só que tem um porém, meu consagrado: se todo mundo for substituído por máquina, ninguém recebe salário. Se ninguém tem salário, ninguém compra nada. Aí a empresa quebra. É o que chamam de “Paradoxo da Automação”.
É um ciclo vicioso, parente. A tecnologia chega chutando o balde, fazendo tudo rápido e barato, mas se a gente não tiver um tusta no bolso, adianta de quê? É tipo ter tacacá à vontade na banca e tu estar com a boca travada. O sistema trava e vai todo mundo pra baixa da égua.
2. O Preço cai, mas a Dívida sobe: A tal da Deflação
Dizem os estudiosos que a tecnologia faz os preços caírem (deflação), porque fica baratinho produzir. O Jeff Booth, um cara lá de fora, diz que isso deixa tudo abundante.
Mas calma que não é só alegria. Se o preço cai e teu salário some (porque o robô pegou tua vaga), a tua dívida fica maceta de grande. O valor real do que tu deves vai lá pras alturas. É uma visagem das feias: deflação boa (coisas baratas) misturada com deflação ruim (falta de grana). Se não arrumarem um jeito da gente ter dinheiro sem trabalhar, as empresas não vão vender nem um beijú .
3. A Pausa de Engels: Os patrões enchem o bolso e a gente chupa manga
Olha essa história: lá no tempo da Revolução Industrial (século XIX, longe pra dedéu), rolou uma parada chamada “Pausa de Engels”. Foi uma época em que as máquinas a vapor chegaram, os patrões ficaram podres de ricos, e o trabalhador ficou na pindaíba, com o salário estagnado por uns 50 anos!.
Parece que tá rolando de novo, mano. Desde 1987, a produtividade sobe, mas o nosso ganho… ó!. A diferença é que antes a máquina substituía o braço (músculo), agora a IA quer substituir a cabeça (cognição). Se a gente não se espertar, vai ficar nessa “pausa” pra sempre, só olhando a pavulagem dos donos das máquinas.
4. Cobrar o do Robô: A ideia do Bill Gates
Aí vem o Bill Gates e solta: “Tem que cobrar imposto de robô!”. A lógica é pai d'égua : se o robô roubou a vaga do humano, ele que pague o imposto pra sustentar a gente. Assim, o governo pega essa grana e investe em coisas que robô não sabe fazer, tipo cuidar de idoso e ensinar curumim.
Mas tem gente que acha isso paia . Dizem que se taxar o robô, a inovação foge pro vizinho. A Coreia do Sul até tentou, mas depois voltou atrás porque ficou com medo de ficar pra trás na corrida tecnológica. É um rolo danado.
5. Se não tem emprego, tem que ter “Bolsa-Robô”?
Se o trabalho acabar, como a gente enche o bucho? Tem duas ideias rolando:
Renda Básica Universal (RBU): O governo dá uma grana todo mês pra todo mundo. O problema é que custa os olhos da cara, trilhões de dólares.
Dividendo Básico Universal (DBU): Essa aqui é mais daora . A ideia é que a tecnologia e os dados são de todo mundo. Então, as empresas de IA teriam que depositar uma parte das ações num fundão, e o lucro (dividendos) seria dividido com a galera. Quanto mais o robô lucra, mais a gente ganha pra gastar. É tipo rachar a conta, mas ao contrário!
6. O que sobra pra nós? Cuidar de gente e vender nossos dados
Mano, robô não tem alma. Então, o que vai valer ouro é o “humano”.
Economia do Cuidado: Enfermagem, cuidar de gente, arte… isso a máquina não faz igual. Vai ser o serviço só o filé.
Dignidade de Dados: Tu vive dando teus dados de graça pro Google e Facebook, né seu leso ? A ideia é que, no futuro, tu receba uma grana cada vez que uma IA usar teus dados pra aprender alguma coisa. É o justo, né?.
7. Resumo da Ópera: O Futuro é nós ou é eles?
No fim das contas, parente, se os robôs tomarem de conta, as empresas só vão conseguir vender se a gente tiver dinheiro no bolso. Ou eles dividem o bolo com a gente (através de dividendos ou renda básica), ou o sistema todo vai pro brejo.
A tecnologia traz fartura, mas a política é que tem que garantir que a gente não fique brocado olhando a vitrine. Fica de mutuca !
O Horizonte Pós-Salarial: Mecanismos de Consumo e Estabilidade Macroeconómica na Era da Automação Cognitiva
1. O Paradoxo da Automação e a Ameaça de Colapso da Procura Agregada
1.1 A Génese do Dilema: Eficiência Microeconómica versus Suicídio Macroeconómico
A questão central que motiva este relatório — “Se os robôs substituírem os humanos e não houver salários, como as empresas venderão?” — identifica com precisão cirúrgica a contradição fundamental que paira sobre a economia global no século XXI. Este fenómeno, amplamente debatido por teóricos e economistas contemporâneos, é conhecido como o Paradoxo da Automação. Na sua essência, o paradoxo descreve uma trajetória onde a busca racional de cada empresa individual pela maximização do lucro através da redução de custos laborais conduz, no agregado, a um colapso sistémico da procura necessária para realizar esses mesmos lucros.1
O sistema capitalista moderno, tal como evoluiu desde a Revolução Industrial, baseia-se num ciclo simbiótico entre produção e consumo, mediado pelo salário. O trabalho humano serve dupla função: é um fator de produção (custo para a empresa) e a fonte primária de rendimento disponível (receita para a empresa via consumo). A introdução de inteligência artificial (IA) avançada e robótica de uso geral ameaça cortar este nó górdio. Se a automação total for alcançada, eliminando a necessidade de labor humano numa escala massiva, o mecanismo de distribuição de poder de compra — o salário — evapora-se.2
A análise aprofundada sugere que não estamos apenas a enfrentar uma mudança tecnológica, mas um “evento terminal” para um sistema económico baseado no trabalho assalariado. A IA avançada não é apenas uma ferramenta especializada, como o tear mecânico do século XIX, que substituiu tarefas manuais específicas; ela atua como um “solvente universal” para a cognição humana, capaz de executar funções administrativas, analíticas e criativas que anteriormente eram o refúgio seguro da classe média e dos profissionais com formação superior.2
A lógica interna do mercado compele cada empresa a adotar a automação para sobreviver à concorrência. Uma empresa que recuse automatizar enfrentará custos de produção insustentáveis comparada com competidores que empregam “trabalhadores” digitais de custo marginal próximo de zero. No entanto, o efeito macroeconómico desta corrida racional é o desaparecimento dos consumidores solventes. Como observado na literatura sobre o tema, estamos a construir um mundo de fábricas hiper-eficientes e totalmente automatizadas, capazes de produzir uma abundância sem precedentes de bens e serviços, mas destinadas a uma população sem rendimento para os adquirir.2 Sem uma intervenção estrutural, o resultado é uma espiral de morte económica: a perda de empregos leva à queda da procura, forçando as empresas a cortar mais custos através de mais automação, aprofundando o colapso da procura até que o sistema cesse de funcionar.2
1.2 A Espiral Deflacionária e a Obsolescência da Escassez
Para compreender a magnitude deste desafio, é imperativo analisar as forças deflacionárias desencadeadas pela tecnologia. A tecnologia é inerentemente deflacionária; a sua função é produzir mais com menos recursos. Jeff Booth, autor de The Price of Tomorrow, argumenta que a tecnologia impulsiona os custos marginais de produção em direção a zero, criando uma abundância que colide frontalmente com um sistema económico desenhado para operar num ambiente de escassez e inflação moderada.4
Num cenário de automação generalizada, a deflação deixa de ser apenas uma redução bem-vinda nos preços e transforma-se numa força destrutiva para o sistema financeiro atual, que é alavancado em dívida. A dívida exige inflação (ou pelo menos estabilidade de preços) para ser paga com dinheiro futuro que tenha valor nominal comparável ou inferior. Se os preços colapsarem devido à eficiência da IA e à falta de procura salarial, o valor real da dívida dispara, levando a falências em massa de governos e empresas.5
Existem dois tipos de deflação a considerar neste contexto:
- Deflação “Boa” (Pelo lado da Oferta): Resultante de ganhos de produtividade e eficiência tecnológica. Os preços caem porque é mais barato produzir.
- Deflação “Má” (Pelo lado da Procura): Resultante da contração da oferta monetária e do colapso do poder de compra. Os preços caem porque ninguém tem dinheiro para comprar.6
O Paradoxo da Automação sugere uma convergência perigosa destes dois tipos: a IA gera a “deflação boa” massiva, mas ao eliminar salários, desencadeia simultaneamente a “deflação má”. A questão de “como as empresas venderão” torna-se secundária se o sistema monetário subjacente implodir. A sobrevivência das vendas corporativas dependerá, portanto, de uma transição para um modelo económico que possa acomodar a deflação estrutural ou que consiga reacoplar o rendimento à produtividade das máquinas através de mecanismos não salariais.4
1.3 Crítica à Falácia Luddita: Porque Desta Vez é Diferente
Historicamente, os economistas têm rejeitado os medos do desemprego tecnológico invocando a “Falácia da Quantidade Fixa de Trabalho” (Lump of Labor Fallacy). Esta teoria postula que há uma quantidade fixa de trabalho a ser feito, o que é falso. Historicamente, a automação reduziu o custo dos bens, aumentando o rendimento real disponível, o que por sua vez aumentou a procura por novos bens e serviços, criando novos empregos em setores emergentes.7
No entanto, a validade contínua desta “falácia” é hoje questionada com base na velocidade e natureza da IA. A distinção crítica reside na capacidade da IA de aprender e evoluir mais rapidamente do que a capacidade humana de requalificação. Quando a tecnologia substituiu o músculo (Revolução Industrial), os humanos fugiram para a cognição. Agora que a tecnologia substitui a cognição, para onde fugirão os humanos? A evidência empírica sugere que a elasticidade da criação de novos empregos está a diminuir. Estudos indicam que, enquanto a automação cria novas tarefas, a taxa de “reinstatement” (criação de novos papéis para humanos) caiu significativamente desde 1987, enquanto a taxa de deslocamento se manteve constante.9 Se a IA pode preencher as novas posições criadas tão eficientemente quanto as antigas, o ciclo de criação de emprego humano quebra-se.10
2. A Nova Pausa de Engels: Lições Históricas e a Desacoplação Moderna
Para projetar o futuro das vendas sem salários, é instrutivo examinar o precedente histórico mais robusto de uma desconexão entre produtividade e prosperidade do trabalhador: a Revolução Industrial britânica.
2.1 A Estagnação Secular dos Salários (1790-1840)
O historiador económico Robert C. Allen cunhou o termo “Pausa de Engels” para descrever o período entre 1790 e 1840 na Grã-Bretanha. Durante este meio século de transformação tecnológica radical, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita expandiu-se rapidamente, impulsionado pela mecanização têxtil e pela máquina a vapor. Contudo, os salários reais da classe trabalhadora britânica permaneceram estagnados.11
A análise deste período revela paralelos perturbadores com a economia atual da IA:
- Acumulação de Capital: Os lucros gerados pelo aumento da produtividade não foram distribuídos aos trabalhadores, mas sim capturados quase exclusivamente pelos proprietários de capital. Estes lucros foram reinvestidos em mais maquinaria e tecnologia, criando um ciclo de feedback positivo para o capital e um ciclo de estagnação para o trabalho.11
- Aumento da Desigualdade: A participação do trabalho no rendimento nacional caiu drasticamente (de cerca de 50% para 45%), enquanto a taxa de retorno sobre o capital disparou.11 Friedrich Engels, observando Manchester em 1844, notou que a riqueza dos industriais crescia em proporção direta à miséria da massa assalariada, uma observação que, embora generalizada prematuramente por Marx como uma lei imutável do capitalismo, descreveu com precisão a realidade de duas gerações.13
- Mecanismo de Recuperação: A “pausa” eventualmente terminou após 1840, quando os salários reais começaram a subir em linha com a produtividade. Isto ocorreu porque a tecnologia da época atingiu um patamar onde a procura por trabalho complementar (operadores de máquinas qualificados, gestores, engenheiros) superou o efeito de substituição, e porque as reformas sociais e sindicais começaram a ganhar tração.11
A questão crítica para as empresas modernas que desejam vender os seus produtos é se estamos a entrar numa “Pausa de Engels Permanente”. Se a IA continuar a substituir o trabalho humano sem criar uma procura complementar por novas competências humanas a uma taxa suficiente, a recuperação observada pós-1840 pode nunca materializar-se. Sem salários a recuperar, o consumo de massa torna-se matematicamente impossível sob as regras atuais.
2.2 A Grande Desacoplação (1987-Presente)
Dados económicos contemporâneos sugerem que uma nova versão da Pausa de Engels já está em curso, muito antes da chegada da IA generativa avançada. Investigações do MIT, lideradas por Daron Acemoglu, identificam o ano de 1987 como um ponto de inflexão crítico na economia dos EUA.9
Antes de 1987, a automação e a criação de novos empregos operavam em equilíbrio dinâmico. No entanto, nas últimas três décadas, observou-se uma “desacoplação” clara: a produtividade continua a subir, mas a remuneração média e a criação de oportunidades de trabalho estagnaram ou divergiram.
- Tecnologias “So-So” (Assim-Assim): Acemoglu e Restrepo argumentam que muitas das tecnologias adotadas recentemente (como quiosques de self-checkout ou sistemas automatizados de atendimento ao cliente) são “so-so”. Elas são boas o suficiente para substituir um trabalhador humano e reduzir custos marginais para a empresa, mas não são produtivas o suficiente para gerar uma explosão de valor económico que crie novos empregos noutros lugares.9
- Impacto na Venda de Produtos: Este fenómeno explica a fragilidade da procura em muitos setores. As empresas estão a vender para uma classe média cujos salários reais estagnaram, mantendo o consumo apenas através do aumento do endividamento. Com a IA prometendo acelerar esta substituição em tarefas de colarinho branco e alta remuneração, a capacidade de endividamento dos consumidores esgotar-se-á, precipitando a crise de vendas.2
Tabela 1: Comparação entre a Pausa de Engels (séc. XIX) e a Desacoplação da IA (séc. XXI)
| Característica | Pausa de Engels (1790-1840) | Desacoplação da IA (1987-2030+) |
| Tecnologia Dominante | Mecânica (Vapor, Teares) | Cognitiva (IA, Algoritmos, Robótica) |
| Impacto no Trabalho | Substituição de Músculo / Artesanato | Substituição de Cognição / Analítico |
| Duração da Estagnação | ~50 anos | 35+ anos e a acelerar |
| Destino dos Lucros | Reinvestimento em Maquinaria Física | Reinvestimento em Software/Dados e Ações (Buybacks) |
| Mecanismo de Recuperação | Criação de empregos complementares | Incerto (possível obsolescência humana total) |
| Fonte de Consumo | Salários de Subsistência | Dívida e Transferências Governamentais (RBU?) |
3. Reestruturação Fiscal: A Tributação de Robôs e a Captura de Valor
Diante da erosão da base salarial, os governos e as empresas enfrentam a necessidade de reestruturar a origem das receitas fiscais que sustentam o Estado e, indiretamente, o consumo. A proposta de um “Imposto sobre Robôs” (Robot Tax) emergiu como uma solução controversa mas persistente.
3.1 A Lógica do “Imposto sobre Robôs”
A premissa, defendida publicamente por figuras como Bill Gates, é direta: se um trabalhador humano gera $50.000 em valor e paga impostos sobre esse rendimento (financiando escolas, estradas e segurança social), a máquina que o substitui deve estar sujeita a uma carga tributária semelhante.14
Argumentos Estratégicos (Pros):
- Abrandamento da Automação: Gates argumenta que o ritmo da substituição tecnológica é demasiado rápido para a adaptação social. Um imposto aumentaria o custo do capital, abrandando a adoção da IA e comprando tempo para a sociedade gerir a transição e requalificar trabalhadores.14
- Financiamento da Transição: A receita gerada seria explicitamente canalizada para financiar empregos onde a empatia humana é insubstituível, como o cuidado de idosos e a educação infantil, criando um novo setor de emprego financiado pela produtividade das máquinas.14
- Equidade Fiscal: Evita que as empresas privatizem todos os ganhos da automação enquanto socializam os custos do desemprego gerado.15
Desafios de Implementação e Críticas (Cons):
- Dificuldade de Definição: O que constitui um “robô” para fins fiscais? Um braço robótico numa fábrica é tangível, mas um algoritmo de software que automatiza contabilidade é nebuloso. Tributar a “eficiência” poderia punir a inovação de forma indiscriminada, como tributar o Microsoft Word por tornar as secretárias mais eficientes.16
- Distorção Económica: Economistas como Lawrence Summers alertam que tributar bens de capital e inovação reduz a produtividade global (“o tamanho do bolo”). Se os EUA taxarem robôs e a China não, a produção industrial migrará, prejudicando a economia doméstica duplamente.16
- Incidência Fiscal: Não há garantia de que o imposto seja pago pelos proprietários dos robôs; ele pode ser repassado aos consumidores (aumentando preços) ou resultar em salários ainda menores para os trabalhadores remanescentes.18
3.2 Estudo de Caso: A Experiência da Coreia do Sul (2017-2025)
A Coreia do Sul oferece o laboratório mais avançado do mundo para estas políticas, possuindo a maior densidade de robôs industriais globalmente.
- A “Taxa” de 2017: Em 2017, o governo sul-coreano implementou o que foi chamado de “primeiro imposto sobre robôs do mundo”. Tecnicamente, não foi um novo imposto, mas a redução dos incentivos fiscais para investimentos em automação. O crédito fiscal para grandes empresas que investiam em produtividade automatizada foi reduzido de 3% para 1%.19 O objetivo era criar um “amortecedor de bem-estar” para o desemprego tecnológico iminente.
- A Reversão de 2025: A dinâmica mudou radicalmente em 2025. Diante da competição global feroz em IA e de uma economia em desaceleração, a Coreia do Sul reverteu a lógica de penalização. O Serviço Nacional de Impostos (NTS) lançou um programa de apoio fiscal abrangente para 4.800 startups e PMEs de IA, incluindo isenção de auditorias fiscais e adiamento de pagamentos.21
- Implicação: Este “ziguezague” político demonstra que, num mundo globalizado, a necessidade de competitividade nacional (soberania de IA) tende a superar as preocupações com o desemprego tecnológico a curto prazo. As empresas venderão num ambiente onde o Estado teme mais a irrelevância tecnológica do que a desigualdade interna, complicando a implementação de impostos sobre robôs como solução global.
3.3 O Panorama Regulatório Europeu (AI Act)
A União Europeia adotou uma abordagem diferente. Em vez de tributação direta, a UE focou-se na regulamentação de alto nível através do AI Act (Regulamento de IA), que entrou em vigor em fases entre 2024 e 2026.22 Embora não seja um imposto, a conformidade com o AI Act impõe custos significativos às empresas, funcionando como uma “taxa regulatória”. Além disso, discussões sobre a tributação de serviços digitais e lucros excedentários continuam, sugerindo que a Europa pode liderar o caminho na captura de valor gerado por algoritmos para financiar o estado social, sem necessariamente rotulá-lo como “imposto sobre robôs”.24
4. Mecanismos de Redistribuição: Do Salário ao Dividendo
Se o trabalho deixa de ser o mecanismo de distribuição de riqueza e os impostos sobre robôs enfrentam resistência geopolítica, como garantir que os consumidores tenham dinheiro? A discussão desloca-se para a dissociação entre trabalho e rendimento.
4.1 Renda Básica Universal (RBU): O Dilema do Financiamento
A RBU propõe um pagamento periódico em dinheiro a todos os cidadãos, incondicionalmente. É frequentemente citada como a solução padrão para a era pós-laboral.
- Custo Astronómico: As estimativas de custo são o principal entrave. Nos EUA, fornecer uma RBU de $30.000 anuais (nível de pobreza para uma família de quatro) custaria aproximadamente $8,5 biliões por ano. Mesmo consolidando todos os programas de bem-estar existentes (que totalizam cerca de $2,5 biliões), restaria um défice de $6 biliões.25
- Inflação vs. Deflação: Há um debate intenso sobre se a RBU geraria inflação. No entanto, num cenário de “superabundância” produtiva gerada por robôs, a pressão deflacionária dos bens poderia compensar a injeção monetária da RBU, mantendo o poder de compra estável.26
- Experiências Piloto: Testes em locais como a Finlândia e o Quénia mostram resultados positivos em bem-estar e empreendedorismo, mas ainda não foram testados à escala de uma economia inteira dependente de automação.27
4.2 Dividendo Básico Universal (DBU): A Propriedade dos Comuns
Uma alternativa teoricamente mais robusta ao RBU (financiado por impostos) é o Dividendo Básico Universal (DBU), proposto por pensadores como Yanis Varoufakis. A lógica é mudar a fonte de rendimento de “impostos sobre o trabalho alheio” para “retornos sobre o capital comum”.
- Fundamentação Teórica: O argumento é que a automação e a IA são construídas sobre séculos de conhecimento humano acumulado e infraestrutura pública (os “Comuns”). Portanto, as empresas não são as únicas proprietárias da tecnologia; a sociedade é co-acionista.29
- Mecanismo de Implementação: Em vez de tributar lucros, o Estado exigiria que uma percentagem das ações (equity) de cada Oferta Pública Inicial (IPO) e de grandes corporações de automação fosse depositada num “Fundo de Capital Cidadão” (Commons Capital Depository).29
- Ciclo Virtuoso de Vendas: À medida que os robôs aumentam a produtividade e os lucros das empresas, os dividendos pagos a esse fundo aumentam. O fundo distribui esses dividendos a todos os cidadãos. Assim, quanto mais as empresas automatizam e lucram, mais dinheiro os consumidores têm para comprar os seus produtos. Isso resolve o Paradoxo da Automação criando um ciclo fechado de feedback positivo.31
- Exemplo Prático: O Fundo Permanente do Alasca (Alaska Permanent Fund) é o modelo operante mais próximo, distribuindo dividendos da exploração de petróleo aos residentes. Na era da IA, os “dados” e a “automação” seriam o novo petróleo.30
4.3 Fundos Soberanos de IA
A tendência atual de 2025 mostra uma movimentação nesta direção, não por idealismo, mas por estratégia nacional. Fundos Soberanos (SWFs) na Arábia Saudita, Singapura e outros, estão a investir massivamente em infraestrutura de IA ($46 biliões em 2025).33 Estes investimentos visam garantir que os ganhos da IA revertam para o Estado, que pode então usá-los para sustentar a sua população, efetivamente criando um modelo de DBU nacionalizado.33
5. Novos Paradigmas de Valor: O Que Será Vendido?
Num mundo onde a manufatura e a logística tendem ao custo marginal zero, as empresas terão de redefinir o que vendem. O valor económico migrará para áreas onde a escassez persiste: a atenção humana, o cuidado e os dados.
5.1 Dignidade de Dados (Data Dignity): Monetizando a Existência Digital
Jaron Lanier e Glen Weyl propõem uma revolução na relação entre humanos e IA, conhecida como “Data as Labor” (Dados como Trabalho) ou “Dignidade de Dados”.
- Crítica ao Modelo Atual: Atualmente, as pessoas fornecem os dados que treinam as IAs gratuitamente, em troca de serviços digitais “grátis” (redes sociais, busca). As empresas de IA capturam todo o valor financeiro.
- Proposta: Num mercado de “Dignidade de Dados”, os indivíduos seriam pagos pelos dados que geram. Se uma IA usa a sua arte, o seu código ou os seus padrões de comportamento para gerar lucro, uma micro-transação deve ocorrer a seu favor.35
- Intermediários de Dados (MIDs): Para dar poder de negociação aos indivíduos, seriam criados “Sindicatos de Dados” ou MIDs (Mediators of Individual Data). Estas organizações negociariam coletivamente com as grandes tecnológicas, garantindo que a “matéria-prima” da IA (dados humanos) fosse remunerada justamente.36
- Impacto no Consumo: Isto criaria uma nova classe de rendimento para a população, substituindo o salário pelo rendimento de dados, permitindo-lhes continuar a consumir produtos digitais e físicos.37
5.2 A Economia do Cuidado e a Doença de Custos de Baumol
À medida que a IA domina o cognitivo, o “humano” torna-se premium. A Economia do Cuidado (Care Economy) — saúde, educação, apoio a idosos — é projetada como o maior motor de emprego futuro.
- A Doença de Baumol: William Baumol observou que certos setores (como artes performativas e cuidados) não registam ganhos de produtividade com a tecnologia. Um enfermeiro não consegue cuidar de 100 pacientes com a mesma qualidade que cuida de 5, independentemente da tecnologia. Por isso, o custo relativo destes serviços aumenta constantemente em comparação com bens manufaturados (cujos custos caem).38
- Oportunidade de Mercado: As empresas venderão “tempo humano”. A tecnologia servirá para eliminar tarefas administrativas (que consomem hoje grande parte do tempo médico), permitindo que o profissional foque 100% na interação humana, que será o serviço de alto valor agregado vendido.40
- Multiplicador Económico: Investimentos na economia do cuidado têm um efeito multiplicador alto. Estudos indicam que um investimento de 2% do PIB neste setor pode aumentar o emprego geral entre 2,4% e 6,1%, criando uma base de consumidores assalariados (neste novo setor) para comprar os produtos das máquinas.41
5.3 A Economia de Subscrição e Acesso
A forma como as empresas cobram também mudará. A Economia de Subscrição deverá atingir $1,5 biliões em 2025, transformando a posse em acesso.42
- Adaptação à Fluidez de Rendimento: Modelos de subscrição permitem que consumidores com rendimentos variáveis (dependentes de dividendos ou gigs de dados) acedam a bens de alto valor (carros, habitação, tecnologia) sem necessidade de capital inicial.43
- Previsibilidade para Empresas: Num mundo pós-laboral volátil, as subscrições oferecem receitas recorrentes e previsíveis, essenciais para o planeamento corporativo.44
6. A Fronteira Final: A Economia Máquina-a-Máquina (M2M)
E se os humanos não forem os únicos consumidores? Uma resposta tecnicamente viável para “quem vai comprar” é: outras máquinas.
6.1 Agentes Económicos Autónomos
Previsões da a16z e desenvolvimentos em protocolos blockchain (como Walrus e Sui) apontam para a emergência de “Agentes Autónomos” como participantes económicos plenos até 2030.45
- Consumo de Infraestrutura: Agentes de IA precisarão de comprar armazenamento, capacidade de processamento (compute), eletricidade e dados. Estas transações ocorrerão sem intervenção humana. Uma IA de gestão de tráfego pode “contratar” e pagar a uma IA de meteorologia por dados precisos.46
- Protocolos de Pagamento Agêntico: Tecnologias estão a ser desenvolvidas para permitir que agentes executem pagamentos complexos e verificáveis. O comércio agêntico poderá atingir triliões de dólares, criando um fluxo de “vendas” que sustenta as empresas tecnológicas independentemente do consumo humano direto.47
- Implicação: As empresas venderão para a infraestrutura que mantém a sociedade a funcionar. O lucro destas vendas B2B/M2M será então tributado ou distribuído (via DBU) para os humanos, fechando o ciclo.
6.2 O Debate Energético e a Nova Escassez
Jeremy Rifkin previu uma “Sociedade de Custo Marginal Zero” onde a abundância levaria ao eclipse do capitalismo. No entanto, a IA reintroduziu a escassez na forma de Energia e Computação.49
- Consumo Voraz: O treino e a inferência de modelos de IA consomem quantidades massivas de energia. A procura por energia de data centers nos EUA deverá duplicar até 2035.49
- Novo Mercado: As empresas venderão energia e eficiência. A restrição física da energia impedirá que os custos caiam para zero absoluto, mantendo uma estrutura de preços e mercados funcionais.
7. Conclusão: O Novo Contrato Social para a Era da Automação
A resposta à pergunta “como as empresas vão vender?” não reside numa solução única, mas numa reconfiguração complexa do contrato social e económico global. A análise dos dados e tendências aponta para três pilares fundamentais de sobrevivência para o mercado de consumo pós-salarial:
- Desacoplamento do Rendimento e do Trabalho: A sociedade deve transitar da noção de que o rendimento é exclusivamente uma recompensa pelo trabalho humano para a noção de que é um direito derivado da herança tecnológica comum. O Dividendo Básico Universal (DBU), financiado pela propriedade acionista dos fundos de automação e IA, apresenta-se como o mecanismo mais robusto para manter a liquidez dos consumidores alinhada com a produtividade das máquinas, superior à RBU baseada em impostos tradicionais.
- Redefinição do Valor Económico: As empresas venderão cada vez menos “bens” (que serão desmonetizados pela deflação tecnológica) e cada vez mais “experiências humanas” e “cuidado”. A economia migrará para setores onde a Doença de Custos de Baumol protege o valor do trabalho humano, financiada por uma transferência fiscal maciça dos setores automatizados altamente lucrativos.
- A Economia das Máquinas como Suporte: Uma vasta economia subterrânea de transações Máquina-a-Máquina (M2M) gerará o valor base e a eficiência infraestrutural necessária para suportar a sociedade humana. As empresas lucrarão vendendo para os agentes de IA, e esses lucros sustentarão o sistema de dividendos humanos.
Em última análise, se os robôs substituírem os humanos, as empresas só venderão se ajudarem a construir um sistema onde os humanos sejam os acionistas finais da automação. Sem esta engenharia socioeconómica, o Paradoxo da Automação resolver-se-á não pela venda de produtos, mas pelo colapso dos mercados que as empresas procuram dominar. A tecnologia fornece a abundância; a política deve fornecer o acesso.
Tabela Resumo: Soluções para o Paradoxo de Vendas sem Salários
| Mecanismo Proposto | Fonte de Financiamento | Vantagem Principal | Desafio Principal | Estado Atual (2025) |
| Imposto sobre Robôs | Taxa sobre hardware/software de automação | Desacelera a substituição humana | Define “robô”; Fuga de capitais | Em recuo na Coreia; Resistência global |
| Renda Básica Universal (RBU) | Impostos gerais (Rendimento/Consumo) | Simplicidade e universalidade | Custo fiscal proibitivo ($8.5T EUA) | Apenas pilotos locais; Custo inviável em escala |
| Dividendo Básico Universal (DBU) | Royalties sobre propriedade de IA/Capital | Alinha incentivos (lucro IA = renda cidadã) | Exige mudança na propriedade corporativa | Fundos Soberanos a crescer; Propostas teóricas fortes |
| Dignidade de Dados | Pagamento por dados de treino de IA | Cria mercado justo para “matéria-prima” da IA | Complexidade técnica de rastreio | Discussões iniciais (Lanier/Weyl); Protocolos Web3 |
| Economia do Cuidado | Investimento Público/Privado | Cria emprego humano resiliente à IA | Doença de Custos (serviços caros) | Crescimento rápido devido à demografia |
| Economia M2M | Transações entre Agentes Autónomos | Mantém fluxo económico sem humanos | Dissociação das necessidades humanas | Emergente (Protocolos de Agentes, Walrus) |
Referências citadas
- O Paradoxo da Automação: Quando as IA Demitem a Humanidade | Willian Silva – DIO, acessado em dezembro 13, 2025, https://www.dio.me/articles/o-paradoxo-da-automacao-quando-as-ia-demitem-a-humanidade-fc5e394a517e
- The Automaton Economy: Why AI Signals the End of Capitalism …, acessado em dezembro 13, 2025, https://www.theaipraxis.com/blog/the-automaton-economy-part-1-the-inevitable-obsolescence-of-capitalism
- The Automation Paradox: Why Our Economic System Is Doomed Without Radical Change, acessado em dezembro 13, 2025, https://medium.com/@andreaswalterkoellen/the-automation-paradox-why-our-economic-system-is-doomed-without-radical-change-cc957088dfad
- Technology Is Deflationary: Reshaping Economics – Shortform, acessado em dezembro 13, 2025, https://www.shortform.com/books/blog/technology-is-deflationary.html
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- Study finds stronger links between automation and inequality | MIT News, acessado em dezembro 13, 2025, https://news.mit.edu/2020/study-inks-automation-inequality-0506
- The Lump of Labor Fallacy does not save human work from genAI. – Medium, acessado em dezembro 13, 2025, https://medium.com/@zombor/the-lump-of-labor-fallacy-does-not-save-human-work-from-genai-94f7d8ce2a5a
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- Sovereign wealth funds power the VC investment wave in GenAI | EY – Ireland, acessado em dezembro 13, 2025, https://www.ey.com/en_ie/insights/ai/sovereign-funds-drive-genai-vc-investment-surge
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- Baumol's cost disease | Research Starters – EBSCO, acessado em dezembro 13, 2025, https://www.ebsco.com/research-starters/economics/baumols-cost-disease
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- From Collaborative Commons to Algorithmic Oligopoly: When AI Rewrites Rifkin's Prophecies | by Luciano Ambrosini, acessado em dezembro 13, 2025, https://lucianoambrosini.medium.com/from-collaborative-commons-to-algorithmic-oligopoly-when-ai-rewrites-rifkins-prophecies-9c70881572aa


