Become a member

Get the best offers and updates relating to Liberty Case News.

― Advertisement ―

spot_img
InícioNewsNegóciosParente, o papo é reto: o Brasil não tá pra brincadeira quando...

Parente, o papo é reto: o Brasil não tá pra brincadeira quando o assunto é vender frango pros chineses. O relatório diz que em 2024 a exportação foi pai d’égua!

Aqui para os Paraense

 

Égua da Frangada! O Brasil mandando ver na China em 2024

Mano, tu acreditas que o Brasil mandou nada menos que 562,2 mil toneladas de frango pra China só em 2024?. É frango disconforme! Se tu achas que tu comes muito no almoço de domingo, te mete com essa quantidade.

Essa brincadeira rendeu uma grana pai d'égua: US$ 1,288 bilhão entrando na conta. Mas, nem te conto: comparado com 2023, o volume caiu uns 17,6%.

Mas por que caiu, parente? Foi panemice? Não foi só zica não. Tiveram três motivos principais:

  1. A China fechou o tempo: Teve aquele caso de doença de Newcastle lá no Rio Grande do Sul e uns focos de gripe aviária, aí a China, que é carrancuda com limpeza, travou as compras por um tempo.

  2. Os chineses tão se virando: A criação de porco deles, que tava no sal, começou a melhorar, aí precisaram de menos frango nosso.

  3. A gente deu um migué: Como a China tava difícil, os produtores brasileiros foram escovados e mandaram frango pro Japão e pros Emirados Árabes.


A Pavulagem dos Estados: Quem mandou mais?

Agora, espia só quem tá se achando o dono do galinheiro:

1. Paraná (PR): O Tebudo

Mano, o Paraná tá cheio de pavulagem. Os caras sozinhos mandaram quase a metade de todo o frango que foi pra China (49,9%). Foram mais de 280 mil toneladas. Os caras são duro na queda, têm os portos organizados e não deram bobeira com doença. O frango de lá é só o creme, mandando até pé de galinha que chinês adora roer.

2. Santa Catarina (SC): De Bubuia

Santa Catarina ficou ali na ilharga, em segundo lugar. Os caras são uma fortaleza, ninguém entra doente lá. Exportaram umas 106 mil toneladas pra China. Mas eles são ladinos, não dependem só da China não, mandam muito pro Japão também.

3. Rio Grande do Sul (RS): Levou o Farelo

Teité dos gaúchos esse ano. O estado levou uma pisa de tudo que é lado: enchente e doença de Newcastle. O negócio ingilhou pra eles. A China travou a compra deles por um tempo, e estima-se que mandaram só umas 60 a 70 mil toneladas. Ficaram na pedra por uns meses por causa do embargo.

4. Mato Grosso do Sul (MS): Deu o Beco

O MS viu que a China tava embaçando e pegou o beco pro Japão. As vendas pra China caíram pela metade, mas pro Japão subiram que é uma beleza. Foram espertos!


O Que Vem Por Aí? (2025 e 2026)

Parente, o futuro é bacana. Agora que o bafafá das doenças passou e a China parou de cobrar uma taxa extra (o tal do antidumping) , a meta é bater 600 mil toneladas em 2026.

O Brasil já manda em 38% do frango do mundo todo. Se os Estados Unidos moscarem (e eles tão cheios de gripe no frango deles), a gente toma o lugar deles de vez.

Resumo da Ópera: O ano de 2024 foi cabuloso, cheio de altos e baixos, mas o Brasil mostrou que não é pão duro na hora de trabalhar. O Paraná carregou o time nas costas, e agora, com tudo indireitado, é só esperar a grana entrar.

Aqui para os de Fora

Relatório Estratégico de Inteligência Comercial: Mapeamento Exaustivo das Exportações Brasileiras de Carne de Frango para a República Popular da China no Exercício de 2024

1. Introdução à Geopolítica da Proteína: O Eixo Brasil-China

A relação comercial estabelecida entre a República Federativa do Brasil e a República Popular da China no segmento de proteína animal transcende a mera transação de commodities; trata-se de um eixo estratégico de segurança alimentar global que, no ano fiscal e produtivo de 2024, reafirmou sua complexidade e interdependência. Este relatório técnico, elaborado com o rigor de uma análise de inteligência de mercado, disseca minuciosamente os volumes, as dinâmicas estaduais e as variáveis macroeconômicas que definiram o fluxo de 562,2 mil toneladas de carne de frango brasileira para os portos chineses.

O ano de 2024 não foi linear. Ele operou sob a égide de uma volatilidade sanitária e diplomática sem precedentes recentes, marcada pelo fim de barreiras tarifárias históricas, como o antidumping, e pela imposição de novas barreiras sanitárias temporárias, como os autoembargos decorrentes de focos de enfermidades aviárias. Para compreender a magnitude dos dados — especificamente a distribuição geográfica dos volumes exportados — é imperativo primeiro situar o Brasil não apenas como um fornecedor, mas como o garantidor da estabilidade inflacionária dos alimentos na China.

A China, com sua vasta população e crescente urbanização, enfrenta um déficit estrutural na produção de proteínas que a torna dependente de parceiros confiáveis. O Brasil, detentor de vantagens comparativas inigualáveis na produção de grãos (milho e soja) que compõem a base da ração avícola, posicionou-se em 2024 como o fiel da balança. No entanto, os números de 2024, que indicam uma retração de 17,6% no volume total enviado à China em comparação ao ano anterior, exigem uma análise que vá além da superfície aritmética. Esta queda não sinaliza um desinteresse chinês, mas sim uma recomposição de estoques, uma recuperação da suinocultura local chinesa e, crucialmente, os soluços logísticos e sanitários enfrentados pelos estados do Sul do Brasil.

Ao longo das próximas seções, este documento detalhará como cada estado brasileiro contribuiu para o montante total, com ênfase na hegemonia absoluta do Paraná, na resiliência sanitária de Santa Catarina e nos desafios epidemiológicos enfrentados pelo Rio Grande do Sul. A análise não se limitará a expor “quantos quilos”, mas explicará “por que” esses quilos foram movidos, quais cadeias logísticas foram utilizadas e qual o impacto econômico dessas movimentações para as economias regionais.

2. Análise Macroeconômica e Conjuntural do Comércio Avícola em 2024

2.1. O Cenário Global e a Posição Brasileira

O Brasil encerrou 2024 consolidando sua liderança global nas exportações de carne de frango, com um volume total para todos os destinos de 5,294 milhões de toneladas.1 Este desempenho, que representa um crescimento de 3% sobre o ano anterior, ocorreu em um teatro de operações global marcado por surtos de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) que dizimaram plantéis nos Estados Unidos e na Europa. A capacidade do Brasil de manter seu status sanitário de “livre de IAAP em granjas comerciais” durante a maior parte do ano foi o ativo mais valioso do setor.2

A receita total das exportações brasileiras de frango atingiu o recorde de US$ 9,928 bilhões 3, injetando liquidez essencial na economia nacional e amortecendo os impactos de oscilações cambiais. Dentro deste colosso exportador, a China desempenhou o papel de “cliente âncora”. Embora tenha reduzido suas compras em volume, o país asiático manteve-se como o principal destino individual, absorvendo produtos de alto valor agregado e cortes específicos que não encontram liquidez em mercados ocidentais, como as “patas” e “pontas de asa”.

2.2. A China em Números Absolutos: O Volume de 2024

A pesquisa profunda realizada nos bancos de dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e nos relatórios de comércio exterior revela que o volume exato de carne de frango exportado pelo Brasil para a China no acumulado de janeiro a dezembro de 2024 foi de 562,2 mil toneladas (562.200.000 quilogramas).3

Este volume gerou uma receita cambial direta de US$ 1,288 bilhão.2 Embora robustos, esses números representam uma contração significativa de 17,6% no volume em relação a 2023.3 A análise de causalidade para essa retração aponta para três vetores principais:

  1. Protocolos Sanitários Rigorosos: A detecção de um caso isolado de Doença de Newcastle no Rio Grande do Sul em julho de 2024 e focos esporádicos de IAAP em aves silvestres acionaram gatilhos automáticos de suspensão de exportações.5 A China, seguindo sua política de tolerância zero, suspendeu temporariamente as importações, o que criou “vazios” logísticos de várias semanas até que as autoridades chinesas, através da GACC (General Administration of Customs China), revisassem e aceitassem as garantias técnicas brasileiras.
  2. Recuperação da Oferta Interna Chinesa: Após anos sofrendo com a Peste Suína Africana, que dizimou seu rebanho de porcos e forçou a migração do consumo para o frango, a China observou em 2024 uma estabilização na oferta de carne suína doméstica, reduzindo marginalmente a urgência por proteínas substitutas importadas.
  3. Diversificação de Mercados pelo Brasil: Diante da volatilidade chinesa, os exportadores brasileiros foram ágeis em redirecionar cargas para mercados emergentes e consolidados, como os Emirados Árabes Unidos e o Japão, que absorveram parte do volume que, em outros anos, teria como destino os portos de Xangai ou Dalian.3

A tabela a seguir consolida os indicadores macro da relação Brasil-China em 2024:

IndicadorValor Consolidado 2024Variação vs. 2023Contexto
Volume Total (Brasil -> China)562.200 Toneladas-17,6%Queda influenciada por embargos sanitários pontuais.
Receita Total (Brasil -> China)US$ 1,288 BilhãoN/AValor agregado sustentado por cortes específicos (pés/asas).
Participação da China no Total BR~10,6%QuedaA China já chegou a representar mais de 14% em anos anteriores.
Status TarifárioIsento de AntidumpingFavorávelFim das tarifas de 17,8%-34,2% em fev/2024.6

3. Radiografia Estadual Detalhada: O Protagonismo do Sul

A análise dos dados estaduais revela uma concentração geográfica extrema. A região Sul do Brasil (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) responde pela esmagadora maioria do volume enviado à China. No entanto, 2024 foi o ano em que as disparidades intra-regionais se acentuaram, com o Paraná descolando-se dos demais devido à sua estabilidade sanitária e logística.

3.1. Paraná (PR): O Gigante Hegemônico

O estado do Paraná confirmou em 2024 sua vocação como a “fábrica de proteínas do mundo”. A infraestrutura cooperativista do estado, aliada a um rigoroso controle sanitário e à eficiência do Porto de Paranaguá, permitiu que o estado fosse responsável por praticamente metade de todo o frango brasileiro consumido na China.

Análise Quantitativa:

O volume de carne de frango exportado pelo Paraná especificamente para a China em 2024 foi de 280,51 mil toneladas (280.514.615 kg).7 Este montante é colossal e merece uma contextualização profunda. Para se ter uma ideia da magnitude, esse volume é superior à exportação total de muitos países concorrentes.

A receita gerada por essas 280,51 mil toneladas foi de US$ 695,46 milhões.7 Isso significa que, em média, cada tonelada de frango paranaense enviada à China foi valorada em aproximadamente US$ 2.479, um valor competitivo que reflete o mix de produtos, que inclui desde carcaças inteiras até cortes nobres e miúdos valorizados.

Impacto na Balança Estadual:

A China representou 12,9% do volume total de 2,17 milhões de toneladas exportadas pelo Paraná para todo o mundo em 2024.7 O secretário estadual da Agricultura, Marcio Nunes, enfatizou que a importância da China para o Paraná reside na “complementaridade de carcaça”. O mercado chinês é o maior consumidor mundial de cartilagens (pés de frango), um subproduto que no Brasil teria destino para graxaria (produção de farinha e óleo) com valor irrisório, mas que na China é vendido como delicatessen. Essa demanda específica turbina a rentabilidade da indústria paranaense, permitindo que as cooperativas paguem melhor aos produtores integrados.7

Dinâmica Logística:

O escoamento desse volume massivo depende crucialmente do Porto de Paranaguá. Em 2024, o porto operou com eficiência recorde, utilizando contêineres refrigerados (reefers) para manter a cadeia de frio estrita exigida pelos chineses. A proximidade das grandes plantas frigoríficas do oeste do estado (Cascavel, Toledo, Palotina) com o porto, conectadas por ferrovias e rodovias duplicadas, conferiu ao frango paranaense uma vantagem competitiva de custo logístico sobre os estados do Centro-Oeste.

3.2. Santa Catarina (SC): A Fortaleza Sanitária

Santa Catarina ocupa a vice-liderança nacional, mas com uma característica distinta: é o estado com o maior reconhecimento internacional de sanidade animal (livre de Febre Aftosa sem vacinação), o que confere um “selo de qualidade” implícito também à avicultura.

Análise Quantitativa:

Em 2024, Santa Catarina exportou um total global de 1,167 milhão de toneladas de carne de frango, registrando um crescimento de 5,7% sobre o ano anterior, na contramão da tendência nacional de estabilidade ou queda em alguns estados.3

A China posicionou-se como o quarto principal destino das exportações catarinenses, absorvendo 9,1% do volume total embarcado pelo estado.9

Aplicando-se este percentual ao volume total oficial, temos que Santa Catarina exportou aproximadamente 106.197 toneladas de carne de frango para a China em 2024.

Estratégia de Diversificação:

Diferentemente do Paraná, onde a China tem um peso de quase 13%, em Santa Catarina a dependência é menor (9,1%). Isso reflete uma estratégia deliberada das agroindústrias catarinenses (como a BRF em Videira e Concórdia, e a Seara em Itapiranga) de pulverizar suas vendas para mercados de “alto padrão” sanitário, como Japão e Coreia do Sul, além da Europa. Essa diversificação protegeu o estado das oscilações de demanda chinesa em 2024. O governador Jorginho Mello destacou que “de cada cinco quilos de carnes exportadas pelo Brasil, um é de Santa Catarina”, reforçando o perfil exportador agressivo do estado.8

3.3. Rio Grande do Sul (RS): O Epicentro da Crise

O ano de 2024 foi, sem dúvida, o mais complexo da década para a avicultura gaúcha. O estado enfrentou o “tempestade perfeita”: eventos climáticos extremos (enchentes no primeiro semestre) seguidos por crises sanitárias (caso de Doença de Newcastle em julho).

Análise Quantitativa e Impacto:

O volume total de exportações de frango do RS para o mundo caiu 6,32%, fechando em 692 mil toneladas.3

No que tange especificamente à China, o impacto foi severo. A China, que historicamente disputava a liderança como destino do frango gaúcho, reduziu drasticamente suas compras devido ao acionamento do autoembargo sanitário.

Embora os relatórios não forneçam um número fechado em quilos exclusivamente para o fluxo “RS -> China” com a mesma precisão do Paraná, a análise dos dados de queda permite uma inferência robusta. Considerando a participação histórica da China na pauta gaúcha (cerca de 10-15%) e aplicando a redução observada nas receitas e volumes gerais, estima-se que o volume exportado pelo RS para a China em 2024 tenha ficado no intervalo entre 60.000 e 70.000 toneladas.

Este volume é significativamente inferior ao potencial instalado do estado. A receita de exportação de carne de frango do RS caiu 12,7% no ano, somando US$ 1,3 bilhão no total global.10 O caso de Newcastle, embora isolado e controlado, gerou um bloqueio que perdurou por meses especificamente para o RS, enquanto outros estados como PR e SC continuaram operando ou retomaram mais rapidamente. A “regionalização” do embargo funcionou, protegendo o Brasil como um todo, mas penalizando o estado onde o foco ocorreu.5

3.4. Mato Grosso do Sul (MS): A Substituição de Mercados

A avicultura do Centro-Oeste vem ganhando tração, impulsionada pela abundância de milho e soja. Mato Grosso do Sul, em 2024, vivenciou uma “troca de guarda” em seus principais parceiros comerciais.

Análise Quantitativa:

Os dados acumulados de janeiro a outubro de 2024 indicam que o estado exportou 23.900 toneladas de carne de frango para a China.11

Este número representa uma queda abrupta de 50% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando o volume havia sido quase o dobro. Em termos de receita, a queda foi de 46%, gerando apenas US$ 28,18 milhões até outubro.11

A Ascensão Japonesa:

O fenômeno notável em MS foi a substituição da China pelo Japão. Enquanto as vendas para os chineses despencavam, o mercado japonês cresceu 23%, absorvendo 19,5 mil toneladas apenas no primeiro semestre e consolidando-se como o líder.12 Isso demonstra uma flexibilidade logística e comercial das plantas frigoríficas do estado (como as de Sidrolândia e Dourados), que conseguiram redirecionar a produção para atender às exigentes especificações japonesas quando a porta chinesa se estreitou.

3.5. Goiás (GO) e São Paulo (SP): Os Polos de Processamento

Goiás e São Paulo completam o mapa da exportação, com perfis distintos. Goiás é um exportador de commodities em ascensão, enquanto São Paulo foca em produtos processados e atende majoritariamente seu gigantesco mercado interno.

Goiás (GO):

O estado exportou um total global de 243,9 mil toneladas em 2024 (+3% vs 2023).3

No primeiro quadrimestre do ano, a China representava 11,2% das exportações de frango goianas.13 Projetando essa participação para o volume anual (considerando a sazonalidade e os embargos que afetaram a todos), estima-se que Goiás tenha enviado aproximadamente 27.300 toneladas para a China em 2024.

Um marco importante para Goiás foi a habilitação de novas plantas frigoríficas para exportar para a China em março de 2024, incluindo unidades da Beauvallet em Inhumas e da Prima Foods.14 Isso sinaliza um potencial de crescimento robusto para 2025, já que essas plantas passaram a contribuir com volumes apenas parcialmente em 2024.

São Paulo (SP):

São Paulo exportou 297,2 mil toneladas para o mundo (+1,6%).3

O estado é o menos dependente das exportações entre os grandes produtores, enviando apenas cerca de 18% de sua produção para fora.15

A participação da China nas exportações paulistas segue a média nacional, mas com foco em produtos de maior valor agregado devido à concentração de indústrias de processamento avançado. O volume estimado para a China situa-se na faixa de 30.000 a 40.000 toneladas, compondo o restante do volume nacional juntamente com exportações residuais de Minas Gerais e Distrito Federal.

4. Consolidação de Dados: O Mapa da Exportação 2024

Para facilitar a visualização da distribuição geográfica das exportações, a tabela abaixo sintetiza os volumes calculados e reportados:

Unidade FederativaVolume Exportado para China (Ton)Status do DadoAnálise de Participação
Paraná (PR)280.510Oficial 749,9% do total nacional. O grande motor da exportação.
Santa Catarina (SC)~106.200Calculado 9~18,9% do total. Estabilidade e alta sanidade.
Rio Grande do Sul~65.000Estimado~11,5% do total. Fortemente impactado por questões sanitárias.
Goiás (GO)~27.300Calculado 13~4,8% do total. Em crescimento com novas plantas.
Mato Grosso do Sul~26.000Projeção 11~4,6% do total. Transição de mercado para o Japão.
São Paulo e Outros~57.190Residual~10,2% do total. Produtos processados e outros estados (MG, DF).
TOTAL BRASIL562.200Oficial 3100%

Nota Metodológica: O volume total de 562,2 mil toneladas é o dado oficial consolidado da ABPA para o Brasil. Os volumes estaduais marcados como “Calculado” ou “Estimado” derivam da aplicação das percentagens de participação estaduais reportadas sobre os totais estaduais ou nacionais, cruzando múltiplas fontes para garantir a consistência da soma.

5. Análise de Barreiras, Logística e Diplomacia

5.1. A Batalha do Antidumping: Uma Vitória Estratégica

Um dos eventos mais significativos de 2024 ocorreu em fevereiro, quando a China anunciou a não renovação das tarifas antidumping sobre o frango brasileiro. Desde 2019, os exportadores brasileiros pagavam sobretaxas que variavam de 17,8% a 34,2%.6

A extinção dessa tarifa teve um efeito imediato na competitividade do preço FOB (Free on Board) do produto brasileiro. Sem essa “multa”, o frango do Brasil tornou-se ainda mais barato para os importadores chineses em comparação com o frango dos Estados Unidos ou da Tailândia. Se não fossem os problemas sanitários que surgiram posteriormente no ano, é provável que essa medida tivesse levado a um recorde histórico de volume, superando as 600 mil toneladas ainda em 2024.

5.2. O Mecanismo de Autoembargo e a Regionalização

A gestão da crise sanitária de 2024 revelou a maturidade da diplomacia agrícola brasileira. O protocolo bilateral Brasil-China estabelece que, diante da confirmação de certas doenças, o Brasil deve suspender voluntariamente as exportações.

No caso da Doença de Newcastle no RS, o Brasil autoembargou as exportações para a China. O diferencial em 2024 foi a velocidade com que o Ministério da Agricultura (MAPA) negociou a “regionalização”. Ao invés de manter o país todo bloqueado por meses, a China aceitou restringir o embargo apenas ao estado do Rio Grande do Sul (e em dado momento, apenas a um raio de restrição), liberando o Paraná e Santa Catarina para continuarem operando.5

Essa vitória diplomática foi crucial. Sem ela, o volume de 562 mil toneladas teria sido drasticamente menor, possivelmente abaixo de 400 mil toneladas, causando um colapso nos preços internos devido ao excesso de oferta doméstica.

5.3. A Logística do Frio

Exportar 562 mil toneladas de carne congelada exige uma operação logística de guerra. O fluxo principal ocorre através do corredor logístico da BR-277 no Paraná, conectando o oeste do estado ao Porto de Paranaguá. Em Santa Catarina, os portos de Itajaí e Navegantes desempenham papel similar.

O desafio em 2024 foi a escassez global de contêineres reefer em alguns momentos e o aumento dos custos de frete marítimo devido a tensões geopolíticas em rotas de navegação (Canal de Suez/Panamá). Ainda assim, a eficiência terminal brasileira garantiu que o produto chegasse à China com o shelf-life (vida de prateleira) preservado, mantendo a qualidade percebida pelo consumidor chinês.

6. Perspectivas Futuras: O Horizonte 2025-2026

6.1. A Meta das 600 Mil Toneladas

Com a normalização sanitária anunciada no final de 2024 e a retirada das restrições pela GACC, o setor avícola brasileiro trabalha com uma meta clara: retomar e superar o patamar de exportação pré-crise. O governo federal e a ABPA projetam que o Brasil exportará 600 mil toneladas de carne de frango para a China em 2026.2

Esse crescimento de aproximadamente 10% sobre os números de 2024 é sustentado por:

  1. Habilitação de Novas Plantas: A “lista de espera” de frigoríficos brasileiros aguardando auditoria chinesa é extensa. Cada nova habilitação adiciona capacidade exportadora imediata.
  2. Crescimento da Classe Média Chinesa: A urbanização contínua na China sustenta a demanda por proteínas animais, e o frango é visto como uma opção saudável e acessível frente à carne suína e bovina.

6.2. O Fator Concorrência (EUA)

Os Estados Unidos, principal rival do Brasil, enfrentam desafios estruturais com a Influenza Aviária, que se tornou endêmica em partes do país, afetando a produção e gerando restrições comerciais frequentes. Enquanto o Brasil mantiver seu status sanitário privilegiado, ele ocupará o vácuo deixado pelos norte-americanos. A ABPA destaca que o Brasil já detém 38% do comércio global, e qualquer deslize dos EUA (que têm 27%) se traduz em market share para o Brasil.17

7. Conclusão

A pesquisa exaustiva sobre as exportações de carne de frango do Brasil para a China em 2024 revela um setor que, apesar das adversidades, demonstrou uma resiliência extraordinária. O volume de 562,2 mil toneladas é um testamento da solidez da parceria comercial, ancorada na competitividade do Paraná, que sozinho sustentou metade desse fluxo (280,5 mil toneladas).

A queda de 17,6% no volume total deve ser interpretada não como um fracasso, mas como um ajuste conjuntural imposto por rigorosos protocolos sanitários que, paradoxalmente, reforçam a credibilidade do sistema brasileiro a longo prazo. Ao sacrificar volumes de curto prazo para garantir a transparência sanitária (autoembargo), o Brasil preservou a confiança do importador chinês.

Os estados de Santa Catarina e Mato Grosso do Sul demonstraram a importância da diversificação, utilizando o Japão e outros mercados como amortecedores. Já o Rio Grande do Sul, embora ferido pela crise de Newcastle, mantém intacta sua capacidade produtiva e deve liderar a recuperação dos índices de crescimento em 2025.

Em suma, 2024 foi um ano de “teste de estresse” para a cadeia avícola Brasil-China. O sistema envergou, mas não quebrou. Com o fim do antidumping e a normalização sanitária, o palco está montado para que 2025 e 2026 sejam anos de quebra de recordes, onde a meta de 600 mil toneladas deixará de ser um teto para se tornar um novo piso na relação comercial entre os dois gigantes do Hemisfério Sul e do Oriente.

Relatório de Inteligência elaborado por: Especialista Sênior em Economia Agrícola e Comércio Exterior.

Data: 06 de Dezembro de 2025.

Fontes Citadas: ABPA, SECEX, Governos Estaduais (PR, SC, RS, MS, GO), Reuters, Forbes Agro.

Referências citadas

  1. Exportação de carne de frango é recorde em 2024 – ANBA, acessado em dezembro 6, 2025, https://anba.com.br/exportacao-de-frango-e-recorde-em-2024/
  2. Brasil prevê 600 mil toneladas de carne de frango para a China em 2026, acessado em dezembro 6, 2025, https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/brasil-preve-600-mil-toneladas-de-carne-de-frango-para-a-china-em-2026/
  3. Exportações de Carne de Frango Fecham 2024 com Alta de 3%, acessado em dezembro 6, 2025, https://forbes.com.br/forbesagro/2025/01/exportacoes-de-carne-de-frango-fecham-2024-com-alta-de-3/
  4. China foi principal importador de frango brasileiro em 2024; veja ranking – CNN Brasil, acessado em dezembro 6, 2025, https://www.cnnbrasil.com.br/economia/agro/china-foi-principal-importador-de-frango-brasileiro-em-2024-veja-ranking/
  5. RS fica de fora da retomada das exportações de frango para a China; indústria busca explicações – Rádio Alto Uruguai | FM 92,5, acessado em dezembro 6, 2025, https://radioaltouruguai.com.br/rs-fica-de-fora-da-retomada-das-exportacoes-de-frango-para-a-china-industria-busca-explicacoes/
  6. China extingue sobretaxa para carne de frango brasileira – Agência Brasil, acessado em dezembro 6, 2025, https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2024-02/china-extingue-sobretaxa-para-carne-de-frango-brasileira
  7. Com liberação da China, Paraná reforça liderança nas exportações de carne de frango, acessado em dezembro 6, 2025, https://www.parana.pr.gov.br/aen/Noticia/Com-liberacao-da-China-Parana-reforca-lideranca-nas-exportacoes-de-carne-de-frango
  8. Santa Catarina bate recorde na exportação de carnes em 2024 – Epagri, acessado em dezembro 6, 2025, https://www.epagri.sc.gov.br/santa-catarina-bate-recorde-na-exportacao-de-carnes-em-2024/
  9. Exportações catarinenses de carnes batem recorde e somam US$ 3,7 bilhões até outubro, acessado em dezembro 6, 2025, https://estado.sc.gov.br/noticias/exportacoes-catarinenses-de-carnes-batem-recorde-e-somam-us-37-bilhoes-ate-outubro/
  10. Exportações do Rio Grande do Sul atingem US$ 21,9 bilhões em 2024, acessado em dezembro 6, 2025, https://estado.rs.gov.br/exportacoes-do-rio-grande-do-sul-atingem-us-21-9-bilhoes-em-2024
  11. MS estima US$ 12,7 mi com reabertura de exportações de frango …, acessado em dezembro 6, 2025, https://primeirapagina.com.br/agro/ms-estima-us-127-mi-com-reabertura-de-exportacoes-de-frango-para-a-china/
  12. MS exporta 104,3 mil toneladas de frango e Japão lidera compras – Campo Grande News, acessado em dezembro 6, 2025, https://www.campograndenews.com.br/lado-rural/ms-exporta-104-3-mil-toneladas-de-frango-e-japao-lidera-compras
  13. Goiás alcança a quarta maior produção de frango do país – Agrimídia, acessado em dezembro 6, 2025, https://www.agrimidia.com.br/negocios/economia/goias-alcanca-a-quarta-maior-producao-de-frango-do-pais/
  14. China habilita novos frigoríficos de Goiás, acessado em dezembro 6, 2025, https://empreenderemgoias.com.br/2024/03/13/china-habilita-novos-frigorificos-de-goias/
  15. Exportação x mercado interno de carne de frango: a posição das 10 principais UFs brasileiras em 2024 – AviSite, acessado em dezembro 6, 2025, https://www.avisite.com.br/exportacao-x-mercado-interno-de-carne-de-frango-a-posicao-das-10-principais-ufs-brasileiras-em-2024/
  16. Brasil prevê exportar 600 mil toneladas de carne de frango à China em 2026 após fim de embargo, acessado em dezembro 6, 2025, https://www.comprerural.com/brasil-preve-exportar-600-mil-toneladas-de-carne-de-frango-a-china-em-2026-apos-fim-de-embargo/
  17. Brasil pode ampliar exportações de carne de frango em 0,5% em 2025 após reversão de embargos, diz ABPA, acessado em dezembro 6, 2025, https://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/granjeiros/411908-brasil-pode-ampliar-exportacoes-de-carne-de-frango-em-05-em-2025-apos-reversao-de-embargos-diz-abpa.html