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Análise Geoeconômica, Estrutural e Logística das Exportações de Commodities do Estado do Pará para o Japão: Um Estudo Exaustivo

1. Introdução: A Simbiose Nipo-Amazônica e o Cenário Comercial de 2024-2025

 

A relação comercial entre o Estado do Pará e o Japão transcende a dinâmica convencional de exportação e importação. Ela configura-se, na verdade, como um sistema complexo e interdependente, forjado ao longo de quase um século de interações que mesclam imigração, diplomacia corporativa, investimentos em infraestrutura pesada e transferência tecnológica.1 No final de 2025, ao analisarmos o fluxo de commodities que partem dos portos paraenses rumo ao arquipélago japonês, observamos não apenas o envio de matérias-primas brutas, mas a operação de cadeias de valor integradas onde o capital japonês – através de sogo shoshas (trading companies) e consórcios industriais – atua diretamente na produção, financiamento e logística dentro da Amazônia.3

O Japão, historicamente desprovido de recursos naturais energéticos e minerais em seu território, identificou no Pará, a partir da década de 1970, um parceiro estratégico para sua segurança nacional de recursos (resource security). Essa parceria consolidou-se em projetos estruturantes como a Albras (alumínio) e a exploração de minério de ferro em Carajás, além do desenvolvimento de polos agrícolas de excelência em Tomé-Açu, liderados por imigrantes nipônicos.5 Em 2024 e 2025, o Pará manteve sua posição de liderança nas exportações da Região Norte, com o Japão figurando consistentemente entre os principais destinos de suas commodities, especialmente aquelas de alto valor agregado tecnológico (como ligas de alumínio) e agroalimentar (cacau fino e pimenta).7

A análise dos dados comerciais mais recentes revela que, embora a China absorva a maior fatia quantitativa das exportações paraenses, o Japão exerce um papel qualitativo preponderante. O mercado japonês é o destino preferencial para produtos que exigem certificações rigorosas de sustentabilidade e qualidade, pressionando a cadeia produtiva paraense a elevar seus padrões ambientais e sociais (ESG).9 Este relatório disseca, produto a produto, setor a setor, o que “os japoneses levam” do Pará, detalhando as engrenagens corporativas, as rotas logísticas e as tendências futuras que moldarão essa relação bilateral nas próximas décadas.

2. O Complexo Alumínio-Alumina: O Pilar Industrial da Relação Bilateral

 

Se há um setor que simboliza a profundidade da cooperação Pará-Japão, é a cadeia do alumínio. Diferentemente de outras commodities compradas no mercado spot, o alumínio que sai de Barcarena para os portos japoneses é fruto de uma arquitetura societária desenhada para garantir o abastecimento de longo prazo da indústria japonesa.

 

2.1. Albras: A Gigante Binacional e o Consórcio NAAC

 

A Albras (Alumínio Brasileiro S.A.), localizada em Barcarena, é a maior produtora de alumínio primário do Brasil e opera sob um modelo de joint venture vital para o Japão. A estrutura acionária é composta pela norueguesa Norsk Hydro (51%) e pelo consórcio japonês Nippon Amazon Aluminium Co. Ltd. (NAAC), que detém 49% das ações.3

O NAAC não é uma empresa única, mas um consórcio estratégico formado por um conglomerado de empresas japonesas, trading companies e bancos, estabelecido originalmente em 1977 como parte do “Amazon Aluminium Complex Project” – um projeto de cooperação econômica bilateral.11 A função primordial do NAAC é garantir o offtake (direito de retirada) de uma parcela substancial da produção de lingotes de alumínio da Albras, proporcional à sua participação acionária, para enviá-la diretamente ao Japão.4

 

2.1.1. A Movimentação Estratégica da Mitsui & Co.

 

Nos últimos anos (2024-2025), houve uma reconfiguração significativa dentro do consórcio NAAC, evidenciando a renovada importância do alumínio paraense para o Japão. A Mitsui & Co., uma das maiores sogo shoshas do Japão, aumentou sua participação acionária na NAAC de aproximadamente 21% para 46%.4

Esta movimentação estratégica teve um impacto direto no volume exportado: o direito de retirada (offtake) de alumínio pela Mitsui saltou de cerca de 80.000 toneladas anuais para 140.000 toneladas por ano.4 Este volume adicional destina-se quase exclusivamente a suprir a demanda industrial japonesa, que encerrou suas atividades de fundição doméstica devido aos altos custos de energia, tornando-se 100% dependente de importações.10

 

2.2. O Diferencial do “Alumínio Verde” e a Descarbonização

 

O que motiva o Japão a priorizar o alumínio do Pará em detrimento de outros fornecedores globais? A resposta reside na matriz energética. A Albras utiliza energia hidrelétrica (oriunda da UHE Tucuruí) para o processo de eletrólise, o que classifica seu produto como “Alumínio Verde” ou de baixo carbono.10

Para a indústria japonesa – especificamente os setores automotivo (Toyota, Honda) e de construção civil (YKK AP) – a pegada de carbono dos materiais importados tornou-se um critério de compra não negociável, visando atingir metas corporativas de neutralidade de carbono até 2050.13 O alumínio produzido no Pará emite significativamente menos CO2 por tonelada do que o alumínio produzido na China ou no Oriente Médio, que dependem majoritariamente de termelétricas a carvão.11

CaracterísticaAlumínio Convencional (Carvão)Alumínio Albras (Hidrelétrica – Pará)Impacto para o Japão
Fonte de EnergiaTermelétrica (Fóssil)Renovável (Hidrelétrica)Redução de Escopo 3 nas emissões industriais japonesas.
Emissões CO2e/t~12 a 18 toneladas~4 toneladas (média global Hydro)Essencial para carros elétricos e edifícios verdes no Japão.
EstabilidadeSujeito a volatilidade de carvãoContratos de longo prazoSegurança de suprimento (Security of Supply).

 

2.2.2. Produtos Específicos: Ligas PFA e Lingotes P1020

 

Os japoneses não levam apenas o alumínio bruto (lingotes P1020). Há uma demanda crescente por Ligas de Fundição Primária (PFA – Primary Foundry Alloys).3 Estas ligas, enriquecidas com silício, magnésio e estrôncio, são produzidas na Albras especificamente para atender a indústria automotiva japonesa, sendo utilizadas na fabricação de rodas de liga leve, componentes de motores e chassis de veículos elétricos, onde a leveza e a resistência são críticas.3

 

2.3. Financiamento e Suporte Governamental Japonês (JBIC/NEXI)

 

A importância geopolítica deste fluxo é tamanha que o governo japonês intervém financeiramente para assegurá-lo. Em outubro de 2025, o Japan Bank for International Cooperation (JBIC) assinou um acordo de empréstimo de até US$ 85,75 milhões com a Albras, co-financiado pelo MUFG Bank e segurado pela Nippon Export and Investment Insurance (NEXI).10

Este financiamento destina-se à modernização da planta de Barcarena, garantindo a continuidade e a estabilidade do fornecimento de alumínio de baixo carbono para o Japão. O envolvimento direto de instituições estatais japonesas (JBIC e NEXI) sinaliza que a importação de alumínio do Pará é tratada como uma questão de estratégia nacional em Tóquio, visando fortalecer a resiliência da cadeia de suprimentos japonesa contra choques externos.10

3. Minério de Ferro e Siderurgia: A Conexão Carajás-Tóquio

O minério de ferro continua sendo, em valor absoluto, a commodity de maior peso na balança comercial do Pará. Para o Japão, cuja indústria siderúrgica é uma das mais avançadas do mundo, a qualidade do minério extraído da Serra dos Carajás é insubstituível.

 

3.1. A Preferência pelo Minério de Alto Teor

 

As siderúrgicas japonesas, lideradas pela Nippon Steel Corporation e JFE Steel, são grandes consumidoras do minério de Carajás.17 A razão é técnica: o minério do Pará possui um teor de ferro extremamente elevado (frequentemente acima de 65% de Fe) e baixos níveis de impurezas (sílica, alumina e fósforo).7

Em um cenário de descarbonização, onde as siderúrgicas japonesas buscam reduzir o consumo de agentes redutores (carvão coque) em seus altos-fornos, o uso de minérios de alto teor é mandatório. O minério de alta qualidade de Carajás permite uma maior produtividade no alto-forno e menor geração de escória, resultando em menores emissões de CO2 por tonelada de aço produzido.7

 

3.2. A Parceria Vale-Mitsui

 

A relação comercial do minério de ferro é sustentada por uma aliança estratégica profunda entre a mineradora Vale e a trading japonesa Mitsui & Co.

  • Logística Ferroviária: A Mitsui é acionista da VLI, braço logístico que, embora focado em carga geral, integra o ecossistema de escoamento da Vale. Além disso, a Mitsui possui histórico de investimentos conjuntos e cooperação técnica com a Vale em minas e logística de exportação.20
  • Contratos de Longo Prazo: Tradicionalmente, o fornecimento de minério de ferro para o Japão é regido por contratos de longo prazo (benchmark contracts) que garantem volume e estabilidade, protegendo as siderúrgicas japonesas da volatilidade excessiva do mercado spot.17

 

3.3. Outros Minerais Estratégicos

 

Além do ferro e alumínio, a pauta mineral inclui:

  • Manganês: Essencial para a fabricação de aço e baterias, exportado das minas de Carajás (Azul) para o Japão.7
  • Cobre: Com a transição energética e a eletrificação da frota japonesa, a demanda por concentrado de cobre (das minas de Sossego e Salobo) tem crescido. O cobre do Pará é enviado para as fundições (smelters) no Japão (como as da Pan Pacific Copper, ligada à JX Nippon Mining & Metals e Mitsui Mining & Smelting) para refino.7
  • Silício Metálico: Produzido em plantas no Pará (como a da Dow em Breu Branco), é exportado para o Japão para uso na indústria química e de semicondutores.22

4. O Modelo Agroflorestal de Tomé-Açu: A Diplomacia do Sabor

 

Se o setor mineral representa o “hard power” econômico, o setor agrícola de Tomé-Açu representa o “soft power” cultural e a busca japonesa por alimentos premium e seguros. A Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (CAMTA) é a protagonista absoluta deste capítulo.1

 

4.1. Cacau Fino e a Indicação Geográfica (IG)

 

O cacau de Tomé-Açu, cultivado no Sistema Agroflorestal de Tomé-Açu (SAFTA), conquistou um nicho de prestígio no Japão.

  • Parceria com a Meiji: A gigante japonesa de alimentos Meiji Co. Ltd. mantém uma parceria direta com a CAMTA. A Meiji desenvolveu uma linha de chocolates “Agroforestry Chocolate” que utiliza exclusivamente amêndoas de Tomé-Açu.9 Este produto ganhou destaque durante as Olimpíadas de Tóquio, recebendo selos comemorativos e educando o consumidor japonês sobre a origem sustentável do cacau amazônico.9
  • Qualidade e Fermentação: Para atender ao paladar japonês, a CAMTA implementou protocolos rigorosos de fermentação e secagem das amêndoas. O Japão paga um prêmio significativo sobre a cotação da bolsa de Nova York por esse cacau “fino de aroma”, que possui Indicação Geográfica (IG) reconhecida.9

 

4.2. Pimenta-do-Reino: O Tempero Histórico

 

A pimenta-do-reino (Piper nigrum) foi a cultura que enriqueceu a colônia japonesa nas décadas passadas. Apesar das oscilações de mercado e problemas fitossanitários (fusariose), o Pará continua sendo um fornecedor chave para o Japão.1

O mercado japonês tem preferência pela pimenta branca, que exige um processamento adicional (maceração e remoção da casca) realizado com excelência pela CAMTA. A pimenta é exportada em grãos ou moída, atendendo à indústria de processamento de alimentos e ao varejo japonês, que valoriza a baixa carga microbiana e a pureza do produto.1

 

4.3. Fruticultura Tropical: Sucos e Polpas

 

A CAMTA e outras agroindústrias exportam polpas de frutas tropicais que são exóticas e valorizadas no Japão.

  • Maracujá e Acerola: Ricas em vitamina C, são exportadas como polpa congelada ou concentrada para a indústria de bebidas japonesa (sucos e drinks funcionais).5
  • Cupuaçu: Embora em menor escala que o açaí, o cupuaçu tem nicho na indústria de confeitaria japonesa.5

5. Açaí: O Fenômeno “Superfood” no Mercado Japonês

 

O açaí transcendeu a categoria de commodity regional para se tornar um ícone global de saúde, e o Japão foi um dos pioneiros na Ásia a adotar o fruto.

 

5.1. Dinâmica de Mercado e Consumo

 

No Japão, o açaí é comercializado como um produto de estilo de vida, associado ao surf, à yoga e à longevidade. Cafés em Tóquio (como os da rede Island Vintage Coffee ou lojas especializadas) servem “Açaí Bowls” seguindo o padrão havaiano/californiano, mas com polpa importada do Pará.26

A demanda japonesa é por Açaí Médio ou Grosso, com alto teor de sólidos. Diferentemente do mercado interno, onde o consumo é diário e popular, no Japão é um produto premium de alto custo.

 

5.2. Logística e Processamento

 

Devido à perecibilidade extrema do fruto, o Japão não importa o caroço (in natura). A exportação ocorre exclusivamente em duas formas:

  1. Polpa Congelada: Requer uma cadeia de frio ininterrupta (-18°C) desde a fábrica no Pará até os centros de distribuição no Japão. Empresas como a Petruz, Tropicália Mix e a própria CAMTA são exportadores ativos.28
  2. Pó Liofilizado (Freeze-dried): O açaí liofilizado mantém as propriedades nutricionais sem a necessidade de refrigeração, facilitando a logística aérea e marítima. É usado pela indústria japonesa de suplementos e cosméticos.
  3. Produtos Industrializados: Bebidas energéticas à base de açaí (como a marca “Açaí Motion”) começaram a penetrar no mercado japonês, com planos de exportação de milhões de latas, agregando valor dentro do Brasil antes do envio.30

6. O Setor Florestal: Madeiras e a Nova Realidade

 

O comércio de madeira entre Pará e Japão sofreu uma transformação radical. Nas décadas de 1970 a 1990, grandes empresas japonesas operavam diretamente a extração.

 

6.1. O Caso Eidai do Brasil: Ascensão e Queda

 

A Eidai do Brasil Madeiras S.A., subsidiária de uma gigante japonesa, operou por décadas uma imensa planta de compensados em Icoaraci (Belém). Ela foi responsável por exportar volumes massivos de madeira processada para o setor imobiliário japonês.31

Entretanto, pressões ambientais, esgotamento de estoques próximos e mudanças na legislação levaram ao declínio dessas operações. Relatórios indicam que a Eidai do Brasil teve sua falência decretada e situação cadastral baixada, marcando o fim da era da exploração direta em larga escala por multinacionais japonesas verticais no estado.32

 

6.2. O Mercado Atual: Nichos Certificados

 

Hoje, o Japão continua importando madeira do Pará, mas através de trading companies que compram de madeireiras locais menores e certificadas.

  • Produtos: O foco mudou para Decking (pisos para áreas externas) de altíssima densidade e resistência (Ipê, Maçaranduba, Jatobá) e lâminas para acabamento de luxo.34
  • Legislação “Clean Wood Act”: O Japão implementou leis rigorosas de combate à madeira ilegal. Exportadores paraenses precisam fornecer documentação exaustiva de cadeia de custódia (DoF, Guias Florestais) para acessar o mercado japonês, o que reduziu o volume total mas aumentou o valor unitário e a legalidade do fluxo.35

7. Pescado e Biodiversidade: Ouro das Águas

 

Embora o Japão seja uma nação pesqueira, a demanda por peixes específicos e subprodutos da Amazônia mantém um fluxo constante de exportação a partir do Pará.

 

7.1. Peixes Congelados

 

Frigoríficos de pescado em Belém e no litoral nordeste do Pará (como em Bragança) exportam espécies como o Pargo (Lutjanus purpureus) e a Pescada Amarela congelados para o Japão.37 Estes peixes são valorizados pela textura de carne branca e são utilizados na culinária japonesa processada ou em restaurantes de nível médio.

 

7.2. Bexiga Natatória: A Triangulação Asiática

 

Um item curioso e valioso é a bexiga natatória de peixes (como a Pescada Amarela e a Piramutaba). Conhecida como “fish maw”, é uma iguaria na Ásia.

  • Fluxo: Embora o destino final principal seja a China e Hong Kong, traders japoneses participam desse mercado, e parte do produto pode passar por canais japoneses ou atender à comunidade asiática no Japão. É um produto de altíssimo valor por quilo, seco e processado artesanalmente em empresas de Bragança, muitas vezes com capital ou parcerias asiáticas.39

8. Logística e Infraestrutura: O Arco Norte como Ponte para a Ásia

 

A viabilidade de todo esse comércio depende da eficiência logística. O Complexo Portuário de Vila do Conde (Barcarena) é o “hub” nevrálgico dessa conexão.41

 

8.1. Rotas Marítimas e Armadores

 

A conexão marítima entre Pará e Japão é servida pelas principais linhas de navegação japonesas e globais.

  • NYK Line (Nippon Yusen Kaisha): Opera navios graneleiros (bulk carriers) dedicados ao transporte de minério e também navios especializados para produtos florestais e projetos. A NYK possui escalas regulares ou tramp (sob demanda) em Vila do Conde.44
  • MOL (Mitsui O.S.K. Lines): Outra gigante japonesa com forte presença, oferecendo serviços de logística integrada e transporte de cargas pesadas e contêineres. A MOL Logistics atua no agenciamento de cargas, facilitando o desembaraço em Belém.47
  • Rota: A rota preferencial para o Japão a partir do Pará é via Canal do Panamá. Esta rota é significativamente mais curta do que sair pelos portos do Sul do Brasil (Santos), conferindo ao Pará uma vantagem competitiva de frete (freight advantage) para o mercado asiático.

 

8.2. Desafios Operacionais

 

A logística enfrenta desafios como a necessidade de dragagem constante dos canais de acesso no Rio Pará e a dependência do transporte rodoviário e fluvial para levar a produção do interior (Tomé-Açu, Carajás) até o porto. Contudo, investimentos recentes em terminais privados e a expansão de Vila do Conde visam mitigar esses gargalos.41

9. Análise Estatística da Balança Comercial (2023-2025)

 

Os dados compilados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) e analisados pela FIEPA desenham o seguinte quadro quantitativo:

  • Volume Total: No primeiro semestre de 2024, o Pará exportou um total de US$ 10,75 bilhões. O Japão manteve-se firme entre os 10 principais parceiros comerciais.7
  • Ranking: O Japão oscila entre a 3ª e a 6ª posição no ranking de destinos das exportações paraenses, dependendo do mês e da cotação do minério de ferro e alumínio. Em 2024, consolidou-se como um mercado de mais de meio bilhão de dólares anuais para o estado.7
  • Composição da Pauta:
  • Minerais (Ferro, Alumínio, Cobre): > 85% do valor total.
  • Agronegócio (Pimenta, Cacau, Carnes, Açaí): ~10-12%.
  • Madeira e Outros: ~3-5%.

10. Conclusão: Um Futuro Verde e Tecnológico

 

A análise exaustiva das exportações do Pará para o Japão revela uma parceria que está evoluindo de uma relação puramente extrativista para uma de colaboração tecnológica e ambiental.

O Japão não está apenas “levando” commodities; ele está investindo na sua descarbonização através do Pará. O alumínio verde da Albras, financiado pelo JBIC, e o minério de alta pureza da Vale são peças-chave no quebra-cabeça da neutralidade de carbono japonesa (Green Transformation – GX).

Simultaneamente, o setor agroalimentar, ancorado na tradição de Tomé-Açu, atende à demanda demográfica japonesa por saúde e qualidade de vida. O futuro dessa relação aponta para uma maior verticalização no Pará (produção de ligas mais complexas, alimentos mais processados) financiada por capital japonês, consolidando o estado não apenas como uma mina ou fazenda, mas como um parceiro industrial estratégico para a terceira maior economia do mundo.

Tabela Resumo: Principais Commodities Exportadas (Pará -> Japão)

 

CategoriaProduto PrincipalEmpresas Chave (Pará/Japão)Uso no JapãoTendência 2025
MineralAlumínio (Lingotes/Ligas)Albras (Hydro/NAAC), MitsuiIndústria Automotiva, ConstruçãoAlta (Green Al)
MineralMinério de FerroVale, Nippon SteelSiderurgia (Aços Especiais)Estável/Premium
MineralAlumina CalcinadaAlunorte, Trading Co.Produção de AlumínioEstável
MineralSilício MetálicoDow, Shin-EtsuSemicondutores, QuímicaAlta
AgrícolaPimenta-do-ReinoCAMTA, YasumaCondimentos, Ind. AlimentíciaRecuperação
AgrícolaCacau (Amêndoas)CAMTA, MeijiChocolate PremiumAlta (IG)
AgrícolaAçaí (Polpa/Pó)Petruz, Frooty, Fruta MilSuperfood, BebidasExpansão
FlorestalMadeira (Decking)Madeireiras CertificadasConstrução ResidencialNicho Certificado
PescadoPeixes CongeladosFrigoríficos LocaisGastronomiaEstável

Referências citadas

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  2. CAMTA, acessado em novembro 30, 2025, https://www.camta.com.br/
  3. Albras | Hydro, acessado em novembro 30, 2025, https://www.hydro.com/en/global/about-hydro/hydro-worldwide/americas/brazil/barcarena/albras/
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  22. Pará encerra 2024 com saldo positivo na balança comercial – Blog do Branco, acessado em novembro 30, 2025, https://blogdobranco.com/para-encerra-2024-com-saldo-positivo-na-balanca-comercial/
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  25. Cooperativa Camta, referência em sustentabilidade, recebe visita da Apex, acessado em novembro 30, 2025, https://somoscooperativismo.coop.br/noticias-esg/cooperativa-camta-refer-ncia-em-sustentabilidade-recebe-visita-da-apex
  26. Açaí paraense conquista novos mercados globais em 2025 – Para Mais, acessado em novembro 30, 2025, https://paramais.com.br/acai-paraense-conquista-mercados-globais/
  27. Exportação de Açaí: entenda como funciona – Grupo Serpa, acessado em novembro 30, 2025, https://www.gruposerpa.com.br/exportacao-de-acai/
  28. Exportação – Açaí Tropicália MIX, acessado em novembro 30, 2025, https://acaitropicaliamix.com/exportacao/
  29. Nossa história – Petruz | açai, acessado em novembro 30, 2025, https://www.petruz.com/a-petruz
  30. Empreendedor industrializa o açaí e faz sucesso com exportação – Belém Negócios, acessado em novembro 30, 2025, https://www.belemnegocios.com/post/empreendedor-industrializa-o-acai-e-faz-sucesso-com-exportacao
  31. Maior exportador de madeira amazônica faz compra ilegal | Diário do Grande ABC, acessado em novembro 30, 2025, https://www.dgabc.com.br/Noticia/167824/maior-exportador-de-madeira-amazonica-faz-compra-ilegal
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  33. EIDAI DO BRASIL MADEIRAS SOCIEDADE ANONIMA – 04814786000212 | Consulte aqui!, acessado em novembro 30, 2025, https://empresas.serasaexperian.com.br/consulta-gratis/EIDAI-DO-BRASIL-MADEIRAS-SOCIEDADE-ANONIMA-04814786000212
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  36. Exportações de madeira no Pará recuam 39% em 2023; cenário é incerto em 2024 – Fiesp, acessado em novembro 30, 2025, https://www.fiesp.com.br/sindimad/noticias/exportacoes-de-madeira-no-para-recuam-39-em-2023-cenario-e-incerto-em-2024/
  37. Exportações de pescado do Pará somam US$ 47 milhões até agosto | Economia – O Liberal, acessado em novembro 30, 2025, https://www.oliberal.com/economia/exportacoes-de-pescado-do-para-somam-us-47-milhoes-ate-agosto-1.1022957
  38. FRIGORÍFICO JSA | distribuição de pescados, acessado em novembro 30, 2025, https://www.frigorificojsa.com.br/
  39. Pescadores amazônicos ganham reforço na renda ao exportar órgão de peixe para China, acessado em novembro 30, 2025, https://www.youtube.com/watch?v=b_BkEggwaxQ
  40. Untitled – Instituto Mamirauá, acessado em novembro 30, 2025, https://mamiraua.org.br/wp-content/uploads/2025/11/Biologia-conservacao-e-manejo-dos-aruanas-na-Amazonia-Brasileira.pdf
  41. Port of Vila do Conde handles 9.5m tonnes, leads Northern Region throughput in 2025, acessado em novembro 30, 2025, https://datamarnews.com/noticias/port-of-vila-do-conde-handles-9-5m-tonnes-leads-northern-region-throughput-in-2025/
  42. Movimentação portuária do Pará cai quase 10% no primeiro trimestre de 2025 – O Liberal, acessado em novembro 30, 2025, https://www.oliberal.com/economia/movimentacao-portuaria-do-para-cai-quase-10-no-primeiro-trimestre-de-2025-1.970515
  43. Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do Porto de Maceió, acessado em novembro 30, 2025, https://portodemaceio.com.br/portal_antigo/phocadownload/acoes_e_programas/pdz/rel_pdz_fluxos_carga.pdf
  44. VILA DO CONDE (BR) Port Schedules – CMA CGM, acessado em novembro 30, 2025, https://www.cma-cgm.com/ebusiness/schedules/port/export?countryCode=BR&portCode=BRVCO&portName=VILA%20DO%20CONDE&isDeparture=True&delayFrom=2&delayTo=14&fileType=pdf
  45. Schedules – NYK RORO, acessado em novembro 30, 2025, https://www.nykroro.com/customer/schedules/
  46. South Pacific Service, acessado em novembro 30, 2025, https://nbpc.co.jp/en/schedule/south-pacific-service
  47. MOL Logistics, acessado em novembro 30, 2025, https://www.mol-logistics-group.com/en/
  48. Contact Us | Mitsui O.S.K. Lines, acessado em novembro 30, 2025, https://www.mol.co.jp/en/contact/
  49. Japan | MOL Group | About MOL |Mitsui O.S.K. Lines, Ltd., acessado em novembro 30, 2025, https://www.mol.co.jp/en/corporate/group/l-japan/
  50. Veja ranking dos produtos mais exportados pelo Brasil em 2024 e principais destinos, acessado em novembro 30, 2025, https://istoedinheiro.com.br/produtos-e-destinos-exportacoes-2024